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Grandes empresas de tecnologia vão às compras

em Negócios
terça-feira, 09 de junho de 2020

Vivaldo José Breternitz (*)

Diferentemente do que aconteceu durante a recessão de 2001, e na crise de 2008, quando a demanda por seus serviços decresceu, a pandemia está trazendo um aumento no número de usuários e uma provável melhora nos resultados das gigantes de tecnologia. Esse cenário tem levado gigantes como Google, Amazon, Apple, Facebook e Microsoft à aquisição de outras empresas.

Segundo o Financial Times, foram dezenove aquisições até o final de maio, embora outros negócios sejam comentados, como a possível aquisição pela Amazon, da Zoox, que atua na área de veículos autônomos e que há dois anos era avaliada em US$ 3,2 bilhões. Dentre os negócios fechados, destaca-se a aquisição, pelo Facebook, de uma participação minoritária na startup de telecomunicações indiana Reliance Jio. O negócio, na casa dos US$ 5,7 bilhões permitirá que a rede social passe a ter um forte ponto de apoio na região.

Há, no entanto, algumas nuvens no horizonte: congressistas americanos estão propondo uma parada nesses negócios, preocupados com uma concentração de poderes em mãos dessas grandes empresas. Está tramitando o Pandemic Anti-Monopoly Act, proibindo negócios desse tipo durante a pandemia, evitando assim que essas empresas saiam como as grandes ganhadoras desses tempos de Covid-19.

Vale lembrar o que aconteceu no início da década de 1980, quando, depois de um longo processo judicial, a AT&T, que praticamente monopolizava os serviços de telecomunicações nos Estados Unidos, foi dividida em diversas empresas menores, para evitar os perigos do monopólio e estimular a concorrência. Não é impossível que algo semelhante volte a acontecer.

Mas o simples fato de serem grandes empresas de tecnologia não tem garantido o sucesso a todas elas, Muitas estão cortando pessoal, especialmente as voltadas para profissionais que se deslocam, como a Boeing, Uber e seu concorrente Lyft, AirBnb e WeWork – esta última já fechou unidades em São Paulo e Rio. Outras, apesar de mais voltadas para computação e serviços, como IBM e HP também estão falando em demissões e reduções de salários, por seus clientes estarem adiando investimentos.

Apesar dessas preocupações e de não sabermos como será o mundo após a pandemia, é provável que alguns desses gigantes da tecnologia tenham uma influência ainda maior sobre a forma que iremos trabalhar, estudar e nos divertir.

(*) – Doutor em Ciências pela USP, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.