Raphael Kaeriyama (*)
Em 2023, a expectativa de vida no Brasil atingiu 76,4 anos, superando os níveis pré-pandemia, segundo dados recentes do IBGE. Essa conquista reflete avanços em saúde pública, tecnologia médica e acesso a tratamentos. No entanto, ao celebrar este marco, também precisamos repensar como o envelhecimento é vivenciado no país.
Embora viver mais seja um objetivo histórico da humanidade, é igualmente crucial garantir que esses anos a mais sejam vividos com qualidade. A longevidade não deve ser vista apenas como uma extensão do tempo, mas como uma oportunidade de transformar o papel social dos idosos e promover um envelhecimento ativo, saudável e pleno.
Com a maior longevidade, surgem desafios significativos:
- Saúde Física e Mental – Doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, tornam-se mais prevalentes com o envelhecimento, demandando uma abordagem mais preventiva e integrada. Além disso, a saúde mental merece destaque, pois a solidão e o isolamento social afetam um número crescente de idosos, prejudicando seu bem-estar.
- – Inclusão Social – Em uma sociedade que muitas vezes marginaliza os mais velhos, é urgente criar políticas e práticas que reconheçam o valor dessa parcela da população.
- – Sustentabilidade Econômica – O envelhecimento populacional pressiona sistemas de saúde e previdência. É essencial repensar modelos que incentivem a participação ativa dos idosos na economia e no tecido social.
Oportunidades para um envelhecimento ativo – Com os avanços da medicina e da ciência, viver mais anos saudáveis é possível, mas isso requer esforço coletivo e planejamento. Entre as estratégias necessárias estão:
- Políticas Públicas Focadas em Envelhecimento – Projetos que integrem saúde, educação e tecnologia para idosos podem criar um ambiente mais inclusivo.
- Promoção da Convivência Intergeracional – Iniciativas que conectam jovens e idosos promovem aprendizado mútuo e ajudam a combater o isolamento social.
- Cultura do Envelhecimento Positivo – É necessário romper com estereótipos de velhice como sinônimo de inatividade ou declínio. O envelhecimento é, na verdade, uma fase de potencial renovado para contribuições significativas à sociedade.
. Uma nova perspectiva – A expectativa de vida de 76,4 anos nos convida a olhar para o futuro com um senso de responsabilidade. Este marco não deve ser apenas um número, mas um reflexo da nossa capacidade de cuidar melhor das pessoas, promovendo dignidade e oportunidades em todas as idades.
Ao reimaginar o envelhecimento, estamos não apenas honrando a vida que se estende, mas também construindo uma sociedade mais justa, inclusiva e preparada para as demandas e riquezas da longevidade.
(*) – É médico especializado em Medicina Preventiva e Social pela USP.