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Tecnologia e governança são aliados contra fraudes em condomínios

em Mercado
quinta-feira, 27 de abril de 2023

Marcelo Assunção (*)

Recentemente veio a público o caso de uma administradora denunciada por mais de 40 condomínios por um suposto desvio de R$ 30 milhões, dinheiro que estava depositado em uma conta à qual a empresa tinha acesso. Esse fato chama a atenção para como a gestão de condomínios é uma tarefa cada vez mais complexa. Síndicos e Administradoras são responsáveis por dezenas de obrigações, incluindo a gestão financeira, atividades de planejamento, pagamento de funcionários e diferentes tarefas ligadas à manutenção da infraestrutura do edifício, o que abre espaço para discutirmos a importância de temas como governança, compliance e tecnologia aplicada a esse mercado.
De fato, as inovações tecnológicas, associadas ao cenário de responsabilidades crescentes dos gestores condominiais, reforçam o papel dos bancos digitais na busca por um ambiente de negócios cada vez mais transparente e confiável. Os bancos digitais, ou fintechs, como também são chamadas, são uma categoria específica de empresa criada pela Lei 12.865 de 9 de Outubro de 2013, que tem como principal propósito a gestão e garantia de recursos financeiros de terceiros, seguindo normas definidas, e reguladas pelo Banco Central do Brasil.
No mercado imobiliário, já existem fintechs dedicadas a garantir e apoiar a gestão dos saldos condominiais. Essas instituições de pagamentos são especializadas em emissão de boletos, liquidação, aprovação de linhas de crédito e disponibilização de vários produtos e serviços financeiros personalizados, de forma simples, ágil e segura.
As parcerias entre administradoras e fintechs possibilitam que todas as transações financeiras sejam realizadas de forma digital, com utilização de senhas de acesso, aprovações e rastreamento das operações, e essa característica é essencial quando pensamos no combate a fraudes.
As principais vantagens da parceria entre administradoras e fintechs são:
• Os saldos condominiais garantidos integralmente, pois instituições de pagamentos estão impedidas de utilizar esses recursos pela regulamentação do BACEN;
• As transações iniciadas pelas administradoras podem ficar bloqueadas e somente ser acatadas pelas fintechs após a aprovação dos síndicos;
• Os produtos e serviços são desenvolvidos especificamente para atender as dores das administradoras e dos condomínios;
• As tarifas são muito competitivas.
Ainda assim é importante tomar alguns cuidados básicos antes de contratar novos parceiros. Converse com síndicos da região e verifique as referências das administradoras: selos de qualidade do próprio mercado imobiliário (como o PROCONDO e o PROAD), certificações ISO e reconhecimento de bom empregador (GPTW). No caso das fintechs, procure aquela que já tem parceria com as administradoras líderes de mercado, pois geralmente as tarifas são ainda mais competitivas e a qualidade do serviço garantida. Essas informações são facilmente encontradas e por vezes justificam o pagamento de um preço mais elevado por um serviço com muito mais segurança e qualidade.
Outra dica é evitar o “eu faço tudo de graça” – como diz o ditado, quando a esmola é demais, o santo desconfia. Procure parceiros que justifiquem objetivamente os preços cobrados, pois é a melhor forma de entender o que vai se perder ou ganhar em cada situação. Por fim, estabeleça um modelo de governança: formalize todos os acordos firmados verbalmente em um contrato de serviços e alinhe as decisões tomadas com conselheiros e condôminos, registrando os detalhes nas atas das assembleias condominiais.
Com alguns cuidados básicos na contratação de parceiro, seu condomínio estará muito mais seguro.

(*) É CEO da WohPag