189 views 5 mins

O impacto do Alumínio na indústria naval

em Mercado
segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Luiz Henrique Caveagna (*)

A indústria naval está presente no Brasil desde os tempos coloniais. A posição geográfica das terras brasileiras e a qualidade da madeira e de recursos do país, fizeram com que os portugueses, ao chegarem no país, instalassem estaleiros, tanto para reparações de embarcações, como para a construção de novos transportes marítimos. Hoje, mais de 500 anos depois, este segmento tem buscado seu espaço na economia brasileira, sendo uma das grandes portas para geração de empregos no país.

Um levantamento realizado pelo Ipea, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, apontou que, de 2004 a 2014, o segmento registrou um crescimento de 19,5% ao ano. Este cenário, resultou na construção de 600 mil embarcações e também na criação de 80 mil empregos diretos e 400 mil indiretos. Apesar dos índices positivos nos anos 2000, o segmento enfrentou uma crise, e ainda os postos de trabalho da área diminuíram mais de 80%, e, hoje temos menos de 15 mil empregos nos estaleiros do país.

Neste contexto, o grande desafio para indústria naval tem sido retomar o papel de destaque na economia nacional. Para isso, outros braços do mercado como a siderurgia e a metalurgia, têm sido fundamentais para o desenvolvimento do setor, a partir da produção de ligas metálicas como o Alumínio, utilizadas como matéria-prima na construção de embarcações. Para o segmento naval, a versatilidade e a variedade das aplicações do Alumínio, faz com que o metal saia na frente em comparação com os demais concorrentes, como o Aço, por exemplo.

O Alumínio pode ser empregado desde a parte estrutural de embarcações de pequeno e médio porte, ou até mesmo, no acabamento interno de qualquer embarcação, com a utilização dos laminados e perfis extrudados de Alumínio, incluindo perfis derivados de tarugos que constituem os mastros de navios e barcos.
As possibilidades de aplicações do metal são diversas.

O Alumínio pode aparecer ainda como artigo decorativo e em estruturas leves de interiores, em perfis de acabamento em barcos e lanchas, e até em detalhes mais mecânicos, como painéis de controles, instrumentação, compartimentos e sistemas de refrigeração e outras aplicações menores onde se requer resistência à corrosão e boa condução térmica. Além disso, na estrutura de embarcações náuticas, como o casco, por exemplo, o metal também é utilizado em suas ligas especiais em embarcações de pequeno e médio portes, como lanchas e barcos.

Contudo, não é o material mais utilizado com essa finalidade, uma vez que sua utilização é mais onerosa comparado aos materiais concorrentes. Em contrapartida, apresenta grande vantagem de durabilidade. A leveza é um traço fundamental para o bom funcionamento de um meio de transporte aquático. Nesse quesito, o Alumínio se sobressai em comparação com os outros materiais, trazendo ganhos sustentáveis significativos, ao gerar menor carga de poluentes na atmosfera e promover maior economia de combustível.

A boa resistência à corrosão – característica intrínseca do Alumínio – e a maior durabilidade também são características que justificam a escolha do metal na indústria naval. Um exemplo que comprova a superioridade do metal no setor, é a experiência narrada por Amyr Klink, velejador brasileiro conhecido por suas viagens à Antártida. Ele relata que seu barco, suportava um número de viagens bem maior do que os dos velejadores de outros países, que precisavam trocar suas embarcações com mais frequência.

O fato é que o Alumínio tem dominado diferentes esferas da economia mundial. Não é difícil encontrar este metal nas áreas de construção, refrigeração, automotivo e eletricidade, além de, é claro, espaços com maior tecnologia, como o setor aeronáutico e aeroespacial. Na indústria naval o cenário não seria diferente. Diante disso, é preciso estimular cada vez mais o investimento do Alumínio no segmento naval, para que assim, esses dois setores possam caminhar juntos para suprir as necessidades mais exigentes do mercado.

(*) – É Diretor Geral da Termomecanica, empresa líder na transformação de cobre e suas ligas.