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Mercado imobiliário enfrenta crédito caro e aluguéis em alta

em Mercado
segunda-feira, 24 de março de 2025

Especialista explica as novas dinâmicas do setor

O Comitê de Política Monetária (Copom) fez novas elevações na taxa Selic, que chegou a 14,25% ao ano, como apontam as recentes notícias. Essa tendência, embora necessária para controlar a inflação, gera um impacto significativo em diversos setores da economia, e o mercado imobiliário é um dos mais sensíveis a essas mudanças.

Diante disso, surge a questão: como a alta da Selic afetará o poder de compra dos consumidores, os investimentos em imóveis e o mercado de aluguel?
Principais efeitos da alta da Selic no mercado imobiliário:
• Financiamentos mais caros: O aumento da Selic encarece o crédito imobiliário, tornando os financiamentos menos acessíveis. Segundo dados do Banco Central, a taxa média de juros para financiamentos imobiliários já ultrapassa 9% ao ano, dificultando a aquisição da casa própria, especialmente para a classe média.
• Pressão nos aluguéis: Com a redução na compra de imóveis devido ao crédito mais caro, a demanda por locação aumenta. O Índice FipeZap registrou um aumento médio de 12,92% nos preços dos aluguéis nos últimos 12 meses, superando a inflação oficial (IPCA). Em São Paulo, o valor médio do aluguel por metro quadrado já ultrapassa R$ 59, com bairros como Itaim Bibi e Pinheiros apresentando valores ainda mais elevados.
• Impacto na classe média: Sem acesso facilitado ao crédito e fora de programas sociais, a classe média sente o peso da alta nos aluguéis. Uma pesquisa da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP) revelou que 70% das famílias dessa faixa estão preocupadas com o aumento dos custos de moradia, o que pode levar a um cenário de instabilidade financeira.
• Imóveis mais rentáveis para investidores: Apesar da desaceleração nas vendas, o aumento dos preços dos aluguéis torna a rentabilidade dos imóveis para locação mais atrativa, beneficiando investidores, especialmente em regiões com alta demanda.
Para Julio Viana, CEO da proptech Plaza e especialista no mercado imobiliário, o cenário reforça a tendência de alta dos aluguéis e afeta principalmente a classe média, que depende de financiamentos para adquirir imóveis. “A Selic elevada encarece o crédito, afastando compradores e aquecendo ainda mais o mercado de locação. Isso desequilibra a oferta e a demanda, pressionando os preços dos aluguéis. Muitos brasileiros que sonhavam com a casa própria precisarão adiar esse plano e permanecer no aluguel por mais tempo”, afirma.
Para ele, o setor precisa de políticas públicas que incentivem a construção de moradias destinadas à locação. “O aluguel se tornará a única alternativa viável para muitas famílias. Criar incentivos para novos empreendimentos voltados ao aluguel pode ajudar a equilibrar o mercado e reduzir a pressão sobre os preços”, conclui.