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Demissões em TI: ainda vale a pena trabalhar nessa área?

em Mercado
sexta-feira, 07 de julho de 2023

Fernando Poziomczyk (*)

Não houve quem não se assustou frente às demissões em massa em TI. Afinal, apenas em janeiro deste ano, segundo dados do Layoffs Brasil, cerca de 11.500 profissionais perderam seus empregos. Apesar de ser um pilar estratégico para o funcionamento de diversas empresas, este cenário reflete uma intensa transformação no mercado, no que diz respeito, principalmente, à maior rigorosidade na contratação destes talentos. Algo que, tanto para aqueles já inseridos no ramo quanto para os recém-chegados, precisa ser claramente compreendido, a fim de evitar que façam parte dessa estatística.

Em meio a tamanha digitalização global, a área de TI sempre se manteve dentre as mais promissoras e buscadas. Por isso, vem sendo alta a demanda por parte das empresas por profissionais qualificados para fornecerem o suporte tecnológico necessário para alavancar suas operações. Esta necessidade de disrupção sempre será fundamental para o destaque competitivo – mas, a escolha daqueles responsáveis por essa missão vem sofrendo algumas mudanças significativas.

No lugar dos processos seletivos volumosos e desenfreados antes usuais neste setor, a consistência perante as organizações tomou o protagonismo na área de TI. Vemos uma seletividade muito maior nas contratações destes trabalhadores, analisando diversas questões referentes às hard e soft skills antes de selecionar quem fará parte da equipe interna. Sendo essa uma mudança influenciada não por questões financeiras, mas pelo entendimento de que não faz sentido mais recrutar diversos profissionais, sem uma régua de seleção por trás.

Antes preteridos pela lei da oferta e demanda do mercado, hoje estes aspectos são compreendidos como fundamentais para a construção de times excepcionais para o crescimento corporativo. Se, antes, era comum as empresas se adequarem aos profissionais, o cenário atual está cada vez mais inverso. As companhias querem os melhores profissionais para integrarem suas equipes, com a experiência adequada para assumir as funções esperadas e, claro, uma remuneração e benefícios condizentes com essas responsabilidades.

Dessa forma, mesmo diante das intensas demissões em massa registradas no começo deste ano, há ainda expectativas positivas deste segmento se manter aquecido no mercado. Tanto é que, de acordo com a Associação das Empresas de tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom), este setor deve investir cerca de R$ 666 bilhões até 2026 em suas operações, com fortes perspectivas para o recrutamento de novos talentos.

Aqueles que estão inseridos neste ecossistema precisam ser muito mais racionais em suas escolhas daqui para frente, se adaptando à realidade destas empresas após as movimentações vistas e balanceando a coerência entre o que elas podem oferecer, e o que desejam para suas carreiras. Mesmo diante deste alto investimento, será pouco provável vermos processos seletivos volumosos, mas sim a continuação desta seletividade em prol de talentos realmente preparados para assumirem os cargos disponíveis.

Apesar deste fenômeno ter impactado organizações ao redor do mundo, o setor de TI ainda se mostra como um dos mais atraentes para os profissionais desenvolverem suas carreiras. Mas, em meio a tamanhas transformações, cada vez mais qualificações e habilidades serão exigidas destes talentos, para que consigam implementar os melhores recursos do mercado a favor do negócio. A adaptação se tornou a nova palavra de ordem neste segmento, para que consigam adquirir as oportunidades disponíveis e prosperarem em seus ramos.

(*) É sócio da Wide, consultoria boutique de recrutamento e seleção.