Juliana Schunck (*)
Celebrar o passado, para construir o presente e planejar o futuro. Esse é o objetivo da ONU, que declarou que 2022 é o ano internacional do vidro.
A ideia é enfatizar a importância tecnológica, científica, cultural e econômica do vidro, uma vez que este material é o mais puro e único 100% reciclável que existe.
Engana-se quem pensa que o vidro está presente apenas em embalagens, fachadas, ou janelas e portas.
Encontramos o material nas fibras ópticas; em energias solares, como fotovoltaica e concentrada; energia eólica, na redução de emissão de carbono; na energia nuclear; na vitrificação de resíduos perigosos; nas composições de biovidro presentes na reparação óssea; regeneração e resolução de tecidos, para problemas auditivos e dentários entre milhares de outras versões.
Apesar de ser protagonista em infinitas utilizações é considerado o patinho feio dos resíduos, por ter na reciclagem o menor valor agregado, fazendo com que os próprios catadores não sejam atraídos para este tipo de material, dado que o vidro é predominantemente composto de areia e outros minerais abundantes no planeta.
Dessa forma, 2022 é seu ano de destaque e por conta disso, universidades e centros de pesquisa, sociedade civil, associações, artistas, educadores, fabricantes e empresas dos cinco continentes direcionarão um olhar especial para o vidro e tudo o que envolve a cadeia, desde a produção, utilização, reutilização até o descarte, priorizando sua reciclagem.
Importante lembrar que o vidro nada mais é do que uma mistura de matérias-primas naturais, as mesmas utilizadas há milhares de anos. A única coisa que mudou desde que se têm notícias de seu descobrimento, por volta de 7.000 AC, é a tecnologia empregada, que deu maior rapidez ao processo e diversificou o uso.
Os números do setor da reciclagem mostram que desde sua implantação no Brasil, o segmento tem crescido cerca de 5% ao ano e os dados oficiais não são precisos, demonstrando uma variação entre 45 e 49%. Este é um dado preocupante visto que as milhões de toneladas de lixo produzidas anualmente não têm destino adequado o que causa um gigantesco dano ambiental especialmente nos lixões, o que é um problema de saúde pública além de outros efeitos negativos.
Vale ressaltar que, em 2020, o Brasil alcançou um total de 82,5 milhões de toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos – RSU ou 1,07kg por habitante. Desse volume, apenas 4% foi destinado à reciclagem. Não menos importante são os dados da pesquisa Ciclosoft de 2018, cujo resultado demonstra que, do volume coletado pelas iniciativas de coleta seletiva, apenas cerca de 8% é vidro.
Dessa forma, o Brasil, em especial, comemorará o ano de 2022 iniciando um caminho de grande aumento de capacidade produtiva no segmento de embalagens de vidro e grandes esforços dedicados por um número crescente de empresas atuantes no segmento de reciclagem de vidros e logística reversa visando elevar o vidro ao protagonismo da sustentabilidade.
(*) – É diretora da Massfix, empresa de reciclagem de vidros