Fernando Fuertes (*)
O setor da construção civil é um dos mais importantes para a economia do país e tem impacto direto na geração de empregos. Porém, segue sendo uma atividade com elevados índices de acidentes, o que faz com que nunca seja demais falar em segurança no trabalho para este segmento.
Felizmente, o setor tem se mobilizado para reduzir acidentes e no ano passado investiu mais de R$ 296 milhões em segurança, um aumento de 74% em relação a 2022, quando o valor foi de R$ 170 milhões. Os dados são da pesquisa Acidentes de Trabalho em Obras, elaborada pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC).
Quando falamos em segurança no canteiro de obras, a elevação e movimentação de cargas de grande volume e peso se apresenta como uma tarefa que merece especial atenção. Embora as empresas tenham pessoas qualificadas para coordenar essas operações, acredito que ainda temos muito o que melhorar para a redução efetiva de riscos e de acidentes e também para a eficiência máxima de uma obra.
É fundamental bater sempre na tecla de que as empresas devem investir na capacitação de profissionais, para que sejam qualificados para avaliar todos os aspectos da movimentação de cargas. Isso inclui inspeção de materiais, avaliação de sua qualidade e, principalmente, das especificações de uso. Porém, em um canteiro de obras, não basta que algumas pessoas sejam perfeitamente qualificadas, é preciso que o comportamento seguro esteja bem disseminado entre todos os trabalhadores.
A melhor maneira de garantir isso é por meio de treinamentos constantes e da criação de processos e procedimentos específicos para as movimentações de carga, já que, durante uma obra, esta é uma tarefa repetitiva, o que abre espaço para falhas. Mas não basta criar estas normas processuais internas, é preciso gerenciá-las com métricas e indicadores de eficiência. Assim, com processos sendo seguidos regularmente, é possível reduzir erros e ter melhor controle sobre a segurança da operação.
A inspeção regular de todos os materiais é outro ponto que também pode ser aperfeiçoado com procedimentos que devem ser seguidos pelos técnicos responsáveis. Por outro lado, é igualmente importante garantir que a qualidade dos equipamentos também seja elevada. Sabemos que, na aquisição de produtos na construção civil, a otimização de custos é um fator relevante para a viabilidade de projetos, mas isso não deve comprometer a escolha de fornecedores qualificados em itens críticos como a movimentação de cargas.
O assessoramento de especialistas externos é também uma medida que pode ser adotada. Seja na aquisição ou no planejamento de quais equipamentos e acessórios de elevação serão necessários, uma consultoria especializada pode atender às demandas de custos enxutos e máxima qualidade ao indicar as melhores opções para cada situação.
Por fim, um movimento benéfico para todo o setor seria o surgimento de iniciativas de qualificação de fornecedores por meio de auditorias e selos de qualidade que atestassem a origem dos materiais e as melhores marcas. Isso ajudaria a barrar a entrada de produtos de baixa qualidade, muitas vezes sem procedência e rastreabilidade, sem laudos e sem certificações que atestem as especificações de performance e segurança.
Esta ainda é uma realidade distante, mas que poderia começar a ser pensada para que no futuro tenhamos um ecossistema muito mais confiável e seguro para atender ao segmento da construção civil. Enquanto isso não se concretiza, investir fortemente em treinamento e processos, além de uma seleção criteriosa de fornecedores, são atitudes positivas para a melhor segurança na elevação e movimentação de cargas em obras.
(*) – É Desenvolvedor de Novos Negócios da Acro Cabos (https://www.acrocabo.com.br).