143 views 3 mins

Venezuelanos: sonho e determinação se sobrepõem ao medo

em Manchete
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
Venezuelanos temproario

Venezuelanos temproario

Grupo de imigrantes venezuelanos percorre a pé o trecho de 215 km entre Pacaraima e Boa Vista.

Foto: Marcelo Camargo/ABr

Mesmo com a apreensão causada pelos conflitos entre brasileiros e venezuelanos há cinco dias, ainda há imigrantes que apostam no Brasil para fugir da crise política e econômica e melhorar de vida. Na estrada que liga Pacaraima a Boa Visita, um grupo de cinco jovens venezuelanos está há quase uma semana caminhando em direção à capital de Roraima. Mais de 200 km separam a capital de Pacaraima. Com pouquíssimos objetos pessoais, o grupo anda apressadamente, na contramão da pista sem acostamento. O cansaço e a expressão de fome são visíveis.
O grupo contou que a dificuldade do percurso da Venezuela até o Brasil foi amenizada com caronas, doações de alimentos e alojamento oferecido por comunidades indígenas situadas ao longo do caminho. Os jovens passaram por Pacaraima, depois dos conflitos, e disseram que não desviaram a atenção nem desistiram do objetivo de chegar a Boa Vista. “Não podemos voltar, estamos migrando porque lá [na Venezuela] não tem nada. Aqui é a única maneira que temos de conseguir a comida para os filhos”, relatou Julio Cezar Astudillo.
“Minha família estava passando fome. Na Venezuela se passa muita necessidade, não há trabalho e quando tem não dá para comprar um frango. Um salário mínimo lá não dá para nada”, disse Astudillo, ao lado da mulher. Visivelmente exausta e com a voz cansada, a mulher de Astudillo, Paola Enriquez, de 19 anos, confessa que teme não conseguir chegar onde deseja. O casal deixou os três filhos na Venezuela com as avós.
Jesus Gualdron, 28 anos, contou que o mais difícil do trajeto é conseguir carona e comida. Padeiro na Venezuela, ele disse que tem esperança de encontrar emprego no Brasil. Segurando uma caixa vazia, o venezuelano afirmou que guarda o objeto para colocar os quitutes que pretende vender quando se instalar. “Sempre confiamos em Deus e seguimos no propósito de chegar para conseguir um emprego e enviar comida para nossos filhos, minha esposa e nossas mães”, afirmou Gualdron (ABr).