Procurador-geral da República, Rodrigo Janot. |
São Paulo – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que o senador Aécio Neves quer pôr um “freio de arrumação na Polícia Federal”. Ao insistir no decreto de prisão preventiva do tucano decorrente de flagrante por crime inafiançável na Operação Patmos – que mira também o presidente Michel Temer e o deputado Rocha Loures (PMDB/PR) -, por meio de recurso ao Plenário do STF, Janot transcreve diálogo entre Aécio e o senador José Serra, também do PSDB. Eles caíram no grampo da PF no dia 13 de abril.
Aécio e Serra falam sobre uma eventual troca no Ministério da Justiça, Pasta ocupada pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB/PR). Serra sugere “alguém como o Jungmann”, em referência ao ministro da Defesa. Nas 66 páginas do recurso, o procurador destaca ainda um diálogo de Aécio com o empresário Joesley Batista, acionista da JBS, no dia 24 de abril. O tucano fala que “a estratégia para justificar a aprovação do projeto de abuso de autoridade é usar os supostos erros da Operação Carne Fraca, escondendo o real objetivo de que, de fato, seria para impedir ou embaraçar a Operação Lava Jato”.
“Aécio se apresenta como um dos protagonistas dessa estratégia, afirmando que, nesta agenda, ‘estou mergulhado nisso, minha vida é isso, minha vida virou um inferno’”, assinala o procurador. “Vê-se que a ‘firmeza’ que se espera do ministro da Justiça é no sentido de colocar um freio de arrumação na Polícia Federal”, afirma Janot. O procurador observa que a estratégia do tucano ‘coincide’ com aquela discutida entre o senador Romero Jucá (PMDB/RR) e o delator Sérgio Machado.
“Esses áudios estão em perfeita harmonia com os diálogos mantidos por Aécio Neves com Romero Jucá no dia 13 de abril de 2017, no qual de forma dissimulada eles tratam da junção de esforços de vários políticos para colocar um limite na ‘Operação Lava Jato’; e, José Serra, no dia 13 de abril de 2017, no qual tratam da necessidade de se colocar um Ministro da Justiça forte” (AE).