Presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza. |
São Paulo – A reversão da desoneração da folha de pagamentos para a indústria de transformação, se aprovada pelo Congresso, deverá provocar a demissão de 150 mil trabalhadores no setor de máquinas até o fim deste ano, afirmou ontem (17),o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Carlos Pastoriza. Segundo ele, o setor tem 350 mil empregos diretos e o número a ser cortado superaria o total de funcionários de toda a indústria automotiva (112,2 mil funcionários em maio).
“O que vai acontecer é que, com essa confluência de juros absolutamente extorsivos, com Selic a quase 14%, que cauteriza qualquer vontade de investir, somada agora com essa reversão das desonerações, vai ser uma pá de cal. Vamos começar a demitir de forma brutal”, afirmou o executivo, esclarecendo que se contabilizados os empregos indiretos gerados pela indústria de máquinas e equipamentos, o número de demissões chegará a 800 mil trabalhadores.
Pastoriza criticou o relatório do líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, que prevê recomposição menor das alíquotas de desoneração para as áreas de comunicação social, transportes, alimentos da cesta básica e call centers. “Isso foi politicagem pura”, disse. Inicialmente, o governo era contra a proposta de Picciani, mas teria cedido e aceitado flexibilizar alguns itens da proposta para evitar uma derrota durante a votação. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, contudo, disse desconhecer esses escalonamentos.
“São setores que não têm nenhuma razão técnica para receber o benefício (da desoneração) porque não sofrem concorrência dos importados”, criticou o executivo. Pastoriza destacou que, mesmo acima de R$ 3, o nível atual do dólar não tem ajudado a indústria. “A única vantagem foi em relação ao mercado americano, porque outras moedas asiáticas e o euro também se desvalorizaram (frente ao dólar)”, disse (AE)