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Incêndio foi causado pelo ‘descaso das autoridades’

em Manchete
segunda-feira, 03 de setembro de 2018
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O incêndio causou um “dano irreparável” ao acervo e à pesquisa nacional.

Foto: Tania Rêgo

Dom Joãozinho, o príncipe João Henrique de Orleans e Bragança, de 64 anos, trineto de D. Pedro II, atribui ao descaso das autoridades o incêndio que atingiu o Museu Nacional. Para ele, houve negligência nos cuidados e na atenção ao local. Ele frequenta o prédio desde criança e diz que o futuro do país foi afetado pela tragédia. “Há culpados, sim, ao longo das últimas décadas. E tem nome: políticas públicas erradas”.
O príncipe afirmou, durante entrevista exclusiva à Rádio Nacional na manhã de ontem (3), que vai emprestar peças do seu acervo particular para tentar restaurar parte das perdas ocorridas com o incêndio. “É uma vergonha. O sentimento é mais de revolta do que de tristeza”, afirmou. “Esse é um retrato do Brasil”, acrescentou ele indignado.
Para o príncipe, a responsabilidade é de todas as autoridades, sem exceção. “Os governantes têm obrigação de zelar pelo interesse público, sempre, pensando no futuro das gerações e do país”, disse. “O nosso futuro foi às cinzas. Isso é muito simbólico. É o descaso total das autoridades”. Entre os 20 milhões de itens que havia no Museu Nacional no Rio de Janeiro, estavam várias coleções relacionadas à família real brasileira.
Criado em 1818 por D. João VI e com acervos que vieram dos descendentes, como D.Pedro II, responsável pela aquisição da maior coleção de múmias das Américas. No local, também estava o documento original da Lei Áurea, assinado pela princesa Isabel, filha de D. Pedro II, libertando os escravos. “A família real brasileira nasce com o dever de servir o país independemente de quem é o governo. O homem público tem de ser um idealista”, disse ele ao ser questionado sobre o que o prejuízo representa para a família real brasileira.