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G20 terá Brasil como coadjuvante e ‘guerra’ entre EUA e China

em Manchete
quinta-feira, 29 de novembro de 2018
G20 temproario

G20 temproario

Xi Jinping e Trump durante encontro em Pequim, em novembro de 2017. Foto: Andrew Harnik/AP

Começa hoje (30) a 10ª Cúpula de Líderes do G20, grupo que reúne 19 das maiores economias do mundo e a União Europeia, em Buenos Aires. No centro das discussões, estará a guerra fiscal entre Estados Unidos e China, que tem efeitos na economia global. O Brasil, assim como os demais países da América Latina, tenta recuperar o ritmo de crescimento da economia e será coadjuvante. Esta será a primeira vez que o grupo se reúne na América do Sul.
Os temas oficiais divulgados são o futuro do trabalho, a infraestrutura para o desenvolvimento e o futuro alimentar sustentável, que serão debatidos por líderes políticos e ministros de finanças dos países-membros, além de mais de 50 reuniões entre políticos e organizações sociais, mesas de trabalho e discussões entre membros permanentes e convidados. Ao final das tratativas, a cúpula redigirá uma declaração final em que os líderes se comprometerão a cumprir os acordos firmados.
Em 2017, os países do G20 se comprometeram a limitar o protecionismo na economia, defender um sistema de comércio internacional regulado e favorecer políticas que repartam os benefícios da globalização. Pelo menos com relação ao protecionismo, esse não foi o caminho adotado pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Desde a metade do ano, ele está em atrito com a China e já impôs sobretaxas a US$ 250 bilhões em importações de produtos do país asiático, alegando que Pequim quebra patentes e não cumpre compromissos de abertura de mercado.
“O Trump adota um estilo de negociação que é duro, militante. Ele deixa a corda esticar para depois relaxá-la. Durante o G20, vamos ver mais disso. Não acredito que ele tenha interesse em uma ruptura, mas ele usa essa tática como instrumento de barganha”, explica Matias Spektor, coordenador da Escola de Relações Internacionais da FGV. Para Arnaldo Cardoso, professor de Comércio e Relações Internacionais da Mackenzie, o multilateralismo na política e comércio mundiais, um dos pilares da criação do G20, em 2008, vive uma onda de contestação.
O Brasil chega à reunião em um momento de transição, com a expectativa sobre como será a política externa do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Ao chegar ao poder, em 2016, Temer sofreu resistência e não assumiu papel de liderança na América do Sul. “Quando houve o impeachment, boa parte dos analistas, empresas e países se manifestaram contra, mas isso foi realinhado. Ninguém deixou de receber o Temer, nem de fazer negócios com o Brasil”, explica Matias Spektor. Para o professor, a crise econômica que atinge todo o continente faz com que nenhum país exerça a liderança local (Fernando Otto/ANSA).