76 views 2 mins

Em e-mail, Odebrecht diz que Lula prometeu ‘destravar’ projetos

em Manchete
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
Cassiano Rosário/Estadão Contreúdo

Cassiano Rosário/Estadão Contreúdo

Marcelo Odebrecht está preso desde junho de 2015.

Curitiba – Em um e-mail de janeiro de 2005 enviado por Marcelo Bahia Odebrecht – preso pela Operação Lava Jato há 1 ano e 3 meses – para executivos do grupo ele afirma que o ex-presidente Lula teria se disponibilizado para “ajudar a destravar qualquer dificuldade para fazer acontecer”. O documento em poder da força-tarefa, em Curitiba, integra o pedido de conversão da prisão do ex-ministro Antonio Palocci, feito na sexta-feira (30), de temporária (de 5 dias) em preventiva (sem prazo).
Palocci foi detido alvo da 35ª fase, batizada de Omertà, acusado de receber R$ 128 milhões em propinas da Odebrecht para o PT, entre 2008 e 2013. “Lula ficou de eleger 3 projetos e conduzir o assunto através de um grupo (Palocci, Dilma e Min. Transportes) ficando disponível para ajudar a ‘destravar’ qualquer dificuldade para fazer acontecer”, escreve Odebrecht, em e-mail de 19 de janeiro de 2005, para 9 executivos do grupo.
O assunto tratado era da agenda que o pai, Emílio Odebrecht, teria acertado com o ex-presidente. “Segue a agenda que meu pai repassou com Lula em sua reunião de 6ª”. Para a Lava Jato, Palocci, que era tratado como “Italiano” nas mensagens cifradas da Odebrecht, seria um dos canais do grupo com o governo federal na obtenção de vantagens na Petrobras – e em outras áreas de negócios -, mediante o pagamento de propinas.
O delegado Filipe Hille Pace, que pediu a prisão preventiva de Palocci, destaca que, no e-mail, Odebrecht também relata que o próprio Lula se prontificou a “destravar” qualquer dificuldade que a Odebrecht tivesse “junto à estes projetos que lhe foram prometidos”. Lula, nem a ex-presidente Dilma Rousseff, são alvos desse inquérito. O documento, segundo o delegado, foi anexado para comprovar que Palocci era interlocutor do Grupo Odebrecht em supostos negócios escusos com o governo federal (AE).