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Davos 2020: Brasil está pronto para receber investimentos

em Manchete
terça-feira, 21 de janeiro de 2020

“É evidente que a estratégia da equipe econômica é buscar investimentos fora do Brasil e criar uma agenda internacional mais forte. 2019 foi um ano de ajustes, e acho que o governo conseguiu transmitir essa mensagem para o público externo. Isso foi o que impediu que a equipe fosse, de fato, buscar recursos no exterior. O Brasil vai agora para a rua com subsídios muito mais fortes do que poderiam ter ido ano passado. Foi uma estratégia acertada do Ministro Guedes”, aponta William Teixeira, head de renda variável da Messem Investimentos.

O especialista destaca ainda que como o discurso do Bolsonaro, realizado no último ano, foi curto, razoavelmente fraco e teve repercussão negativa, o fato de ele não participar desta edição do encontro, coloca o ministro como o principal nome brasileiro. “Em linhas gerais, isso é positivo, pois o Paulo Guedes conversa muito bem com o mercado, fala uma linguagem que passa confiança e deixou o Brasil bem colocado”, afirma.

Já em relação aos argumentos e estratégia, Teixeira sinaliza que o Governo deve começar mostrando as reformas que foram feitas, destacando que elas saíram do papel como havia sido prometido no início do mandato. A expectativa é que isso deve gerar um pouco mais de confiança nos investidores estrangeiros.

“Temos um excesso de liquidez global há algum tempo, esse capital é pouquíssimo remunerado ou, até mesmo, com juros negativos. E, obviamente, o mundo procura opções de investimento e possibilidades para alocar o seu dinheiro com rentabilidade. Acho que o nosso país se torna um endereço interessante para se investir”, relata.

De acordo com Teixeira, existe uma necessidade muito grande de investimento em infraestrutura no Brasil e isso pode acontecer de duas formas: com investimento direto em infraestrutura, onde o investidores estrangeiros vão fazer parceria público-privada ou investimentos diretos em empresas privadas para tentar ganhar esse tipo de obra; ou, também, por intermédio da compra de ativos estatais.

O governo brasileiro começou uma dedetização forte no ano passado, mas ainda pequena se a gente for considerar o que se projeta para esse ano. Com a intenção de vender em torno R$ 150 bilhões em novas concessões, eles devem fazer cerca de 80 concessões de uma série de empresas. Isso tudo conversa com o interesse dos investidores estrangeiros aqui no Brasil.

“Um fato que poderia acelerar esse processo, mas que, na nossa visão, ainda não é tão rápido é a volta do grau de investimento. O Brasil começa dar alguns passos para isso, mostrando que é um país mais sólido. Um exemplo é o CDS (Credit Default Swap), que é um índice que mostra o risco de se investir no Brasil, é o menor desde 2010.

Ou seja, o risco é similar a quando o Brasil tinha grau de investimento, mas hoje não temos”, afirma Teixeira. O governo comentou algumas vezes, no último ano, que esperava que o Brasil voltasse a ter grau de investimento, já as casas de rating são um pouquinho mais cautelosas, falam que isso pode acontecer, mas não para esse ano.

O head da Messem acredita que o Brasil vai muito bem posicionado para Davos. “Vai com uma equipe muito boa, forte, com pessoas que conversam com o mercado e sabem o que querem ouvir. Esse ano chega com novidades positivas, mostrando que aquilo que se desenhou ano passado, começou a sair do papel. Acho que a gente tem tudo para fazer bons negócios e mostrar para o mundo que o Brasil está pronto para receber investimentos”.