Nelson Barbosa espera a aprovação da nova CPMF, destinada a custear o déficit da Previdência. |
Brasília – A grande preocupação dos analistas do mercado financeiro que participaram de conferência ontem (21), com o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, foi com a capacidade do governo em conseguir reequilibrar as contas e reverter o déficit orçamentário atual num cenário de retração da economia.
O analistas temem que Barbosa promova uma guinada na política econômica traçada no início do ano e buscaram ouvir dele mais detalhes da sua proposta. Um dos temores, que ficou claro nas perguntas feitas, foi com as receitas necessárias para garantir a meta fiscal de 0,5% do PIB. Atingir a meta foi o primeiro compromisso assumido pelo novo ministro durante a entrevista coletiva que concedeu.
O ministro foi questionado sobre como irá aprovar medidas no Congresso em meio à crise política e sobre a meta fiscal do próximo ano, que não foi aprovada nos termos que o governo pediu ao Congresso. O ministro tentou transmitir confiança. Foi firme e disse que é possível tanto o cumprimento da meta de 2016 quanto a aprovação de matérias no Legislativo, chegando a citar 2015 como um ano difícil, mas com grandes aprovações.
Os analistas também concentraram suas perguntas na busca de mais informações sobre o compromisso do ministro com reformas, principalmente a da Previdência. Nelson reforçou que ela será prioritária, mas não aprofundou detalhes. Outro ponto abordado foi o da regra do reajuste do salário mínimo. O mercado teme que o governo muda a regra prejudicando ainda mais as contas públicas. É que grande parte das despesas do governo está atrelada à correção do mínimo. Nelson garantiu que não haverá mudanças.
“Ouvi mais elogios do que críticas em relação à fala do ministro, mas acho que o ceticismo do mercado e o estigma de ter sido o contraponto do Levy pesam muito contra nesse estágio inicial. Vai ter que conquistar a confiança passo a passo!”, disse um economista de um banco estrangeiro que participou da conferência. Para ele, a única “vantagem” para o ministro é que as expectativas estão muito baixas. “Se conseguirem aprovar uma agenda fiscal mínima, será visto como grande vitória”, disse ele (AE).