Presidente da Associação dos Bancos Suíços, Patrick Odier. |
Zurique – A eclosão da Operação Lava Jato no Brasil e das investigações por parte do Ministério Público Suíço levaram os bancos da Suíça a aumentar o controle sobre contas de brasileiros no país. Em alguns casos, chegam até a se recusar transferências de político ou funcionário público brasileiro. “O escrutínio passou a ser muito maior hoje, com certeza”, declarou o presidente da Associação de Bancos da Suíça, Patrick Odier, um dos banqueiros mais influentes do país.
No total, mais de mil contas em 42 bancos e com US$ 800 milhões foram bloqueadas na Suíça, num dos maiores casos de corrupção já investigado no país. Entre os correntistas estavam o deputado cassado Eduardo Cunha e o ex-marqueteiro do PT, João Santana. “O fato de termos encontrado tantas instituições suíças nesse caso é algo que lamentamos muitos”, disse Odier. Num raro discurso de mea culpa, o banqueiro não nega os erros das instituições. “Lamentamos muito”, insistiu.
O próprio banco de Patrick Odier, o Lombard Odier, foi um dos que abriu contas para ex-dirigentes da Petrobras. O ex-diretor da área Internacional da estatal Jorge Zelada e o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco também eram correntistas na instituição. Segundo as investigações, menos de quatro meses após a deflagração da Operação Lava Jato, Zelada solicitou a transferência de valores da Suíça para Mônaco.
Entre os banqueiros, a proliferação de descobertas relacionadas ao bancos suíços voltou a reforçar a imagem pelo mundo de que o país seria um paraíso para dinheiro sujo – uma imagem que a Suíça tenta se desfazer. Os bancos passaram a acompanhar com atenção o noticiário brasileiro para identificar imediatamente qualquer implicação de um de seus correntistas em investigações. O MP suíço também circulou um pedido de cooperação aos bancos. Para os novos clientes, a ordem é abandonar a velha prática de se evitar perguntar sobre a origem dos recursos (AE).