Daniel Prianti (*)
A digitalização dos negócios vem provocando mudanças em todas as atividades de negócios. Ao mesmo tempo em que a velocidade aumenta, toda empresa passa a ter o mundo inteiro como seu mercado potencial. Se no passado as fronteiras geográficas traziam grandes restrições, hoje é muito mais simples vender produtos e serviços em outras regiões do planeta. Ao mesmo tempo em que isso acontece, os negócios encaram um desafio: mudar sua cultura para abraçar a transformação digital.
Ideias, processos e conceitos estabelecidos há bastante tempo (e entranhados na cultura das equipes) precisam ser desconstruídos para aproveitar oportunidades que surgem a partir da digitalização dos negócios. Um bom exemplo é a seleção dos fornecedores de serviços de Marketing nas empresas. A digitalização representou uma revolução nessa área, com novas soluções, tecnologias e propostas de valor trazendo mais inovação e conhecimento.
Ao mesmo tempo, trouxe o desafio de encontrar profissionais qualificados para lidar com as novas oportunidades. Especialmente no Brasil, que historicamente tem desafios de mão de obra qualificada, esse desafio se torna ainda mais complexo. Como identificar, atrair e reter talentos? Em muitos casos, é preciso até mesmo reinventar essa pergunta: uma quantidade cada vez maior de profissionais prefere estruturas e modelos de trabalho mais flexíveis, que não gerem um vínculo permanente nem a necessidade de dedicação integral a uma única empresa. A pandemia só tornou tudo isso ainda mais presente.
É aqui que entra em cena uma nova forma de pensar a contratação de serviços de marketing. Uma forma que aproveita os benefícios de uma área centralizada de Procurement ao mesmo tempo em que mantém a flexibilidade e a agilidade necessária para as atividades de inovação, comunicação, divulgação e promoção de produtos e serviços.
Por ser a principal interface para a seleção e contratação de fornecedores, a área de Procurement das empresas tem aproveitado a digitalização dos negócios para criar modelos de relacionamento e se tornar cada vez mais além um centro de otimização de eficiencia e lucros além da atuação na redução de custos. Para isso, esse Procurement 4.0 deve aproveitar seu conhecimento estratégico sobre os fornecedores e o mercado em geral para encontrar alternativas que reduzam custos, aumentem a produtividade e gerem mais resultados para a empresa.
O Procurement 4.0 é capaz de usar os dados do negócio para gerenciar melhor os estoques, fluxos de trabalho, contratações e outros aspectos da cadeia de fornecimento de produtos e serviços para a empresa. Para os profissionais da área, é uma revolução: eles se tornam cada vez mais os responsáveis por agregar valor através de novas soluções.
Conecte o uso de dados ao poder dos marketplaces e o Procurement 4.0 se torna um catalisador das transformações na empresa. Ao acessar marketplaces de produtos ou serviços, o negócio consegue se conectar a fornecedores que talvez nunca estivessem disponíveis de outra maneira. Especialmente para o Marketing, em que inúmeros profissionais atuam de forma individual ou a partir de estruturas enxutas e flexíveis, os marketplaces ampliam o potencial para novas ideias, redução de custos e aumento da agilidade na realização das atividades.
Há 10 anos, era natural ter 4 ou 5 fornecedores para as diferentes atividades de marketing, como compra de mídia, produção de peças publicitárias, promoção no ponto de venda e campanhas em diferentes mídias (rádio, jornal, TV etc). Hoje, as ideias podem vir de inúmeras outras fontes: crowdsourcing, insights gerados pelos clientes a partir das redes sociais, memes que viralizam e se tornam oportunidades interessantes de relacionamento — e muito mais.
Por isso, empresas que queiram se manter competitivas precisam contar com uma estrutura de contratação de serviços de marketing que alcance centenas ou milhares de fornecedores. Desse pool você será capaz de obter a criatividade e a inovação necessárias para que suas ações impactem os clientes.
A grande vantagem do Procurement 4.0 para as atividades de Marketing é a capacidade de otimizar custos ao mesmo tempo em que traz para a empresa um fluxo de novas ideias. Um parceiro de negócio que, por meio de um marketplace, coloque seu negócio em contato com 500 fornecedores representa uma grande força criativa, capaz de entregar soluções com agilidade e impregnar o negócio com novas referências e ideias.
Em um mundo cada vez menos pasteurizado, o Procurement 4.0 traz outra vantagem: a possibilidade de encontrar fornecedores que falem a língua de cada tribo com quem você quer se comunicar. Não basta saber o dialeto de cada grupo, suas características e costumes: quanto mais o consumidor valoriza a autenticidade, mais as marcas precisam contar com parceiros que entendam esses consumidores e consigam estabelecer relacionamentos reais e duradouros.
É muito difícil conseguir se comunicar bem com todos — mas ter vários parceiros que conheçam muito bem grupos específicos facilitam essa missão. Para que isso aconteça, porém, o Procurement precisa ter acesso a algoritmos que façam esse match entre os serviços que um fornecedor oferece e aquilo que o Marketing precisa. Nesse processo, a tecnologia também cumpre um papel importante de diminuir o fator subjetivo. Dessa forma, diminui a possibilidade de contratar “gato por lebre”, o que gera ainda mais eficiência para o Marketing — e resultados para o negócio.
Não tenho dúvida de que, daqui em diante, a necessidade de ter mais flexibilidade, agilidade e adaptabilidade para lidar com as transformações do ambiente de negócios fará com que o Procurement 4.0 ganhe espaço nas empresas. É uma mudança muito positiva, pois agrega tecnologia, traz velocidade para a contratação de serviços e cria mais condições para inovação nos negócios.
Você está preparado para essa nova forma de acessar serviços de Marketing para sua empresa?
(*) – É cofundador da BPool (https://br.bpool.co/).
