Uma piora da situação política no Brasil que provoque reversão na agenda de reformas do governo pode levar a um rebaixamento da nota soberana do País, afirmou a agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P). Um dos fatores que podem dificultar a governabilidade do presidente Michel Temer é a piora da crise dos Estados, destaca a S&P em relatório assinado pelos analistas Lisa Schineller, Joydeep Mukherji e Roberto Sifon-arevalo.
A pressão para resolver problemas em determinadas regiões pode contaminar a política nacional, ressalta a agência de classificação de risco. Já se o cenário político se estabilizar ou melhorar, a S&P pode revisar a perspectiva da nota brasileira para “estável”. Hoje, a agência reafirmou a nota soberana do Brasil em “BB” e manteve a perspectiva em “negativa”. “Os desafios políticos e econômicos do Brasil permanecem significativos”, disse a S&P.
A melhora do ambiente político pode ajudar no avanço mais rápido da agenda de reformas, de acordo com o comunicado. Com isso, as contas fiscais do País também teriam uma estabilização e melhorariam as perspectivas de crescimento. “Os consideráveis desafios fiscais e econômicos no Brasil exigem um compromisso político firme.”
A avaliação da S&P é que, apesar do avanço recente na agenda de reforma fiscal no governo Temer, com a aprovação de um teto que limita o crescimento do gasto público, as crescentes incertezas políticas, a crise dos Estados e a economia ainda em recessão sinalizam que o ajuste será lento e demorado.
A S&P prevê que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve ter baixo crescimento pelos próximos anos. A previsão da agência é de expansão de 0,9% para o PIB este ano, 2% em 2018 e 2,3% em 2019. O déficit nominal do governo deve ficar em mais de 7% entre 2017/2019 e a dívida pública líquida deve ficar em cerca de 67% do PIB até 2019.
Na avaliação do economista Luis Afonso Fernandes Lima, da Mapfre Investimentos, o anúncio da instituição reforça a ideia de que o País ainda encontra-se num processo de ajuste, com crescimento baixo, demanda reprimida e em processo de desalavancagem. “Não foi balde d’água nas expectativas, mas um novo copo d’água fria”, afirmou o especialista (AE).
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