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Reflexões sobre o ano de 2020 e sua herança de ensinamentos

em Manchete Principal
domingo, 03 de janeiro de 2021

Conrado Navarro (*)

O ano de 2020 parece ter sido o mais longo e desafiador de nossa história recente.

A pandemia do Coronavírus trouxe desafios para os governos de todo o mundo, que precisaram otimizar as frentes de saúde e dar suporte econômico à população sem renda, que teve queda em seus rendimentos e mudanças drásticas na rotina de trabalho por conta do distanciamento social. Uma crise foi instaurada e ainda estamos sentindo os impactos de algo que não sabemos quando/como terminará.

A seguir, abordarei três aprendizados trazidos por toda essa situação envolvendo as nossas finanças pessoais.

. Lição 1: reserva de emergência é muito importante e faz diferença – Milhões de pessoas foram surpreendidas pelos efeitos da pandemia, sendo um deles a queda repentina de renda e, em certos casos, a perda da principal fonte de receita. O que fazer em uma situação assim?

Quem tinha se planejado nos tempos de normalidade, aproveitou para criar o que chamamos de reserva de emergência – basicamente recursos financeiros alocados de forma conservadora e disponível (com liquidez imediata). Com algum dinheiro guardado, atravessar os meses desafiadores de 2020 certamente se tornou uma tarefa menos complicada e penosa. Assim, criar uma reserva financeira foi uma decisão sábia e esse aprendizado precisa ser levado adiante.

. Lição 2: somos capazes de viver com menos – Incapazes de consumir normalmente, muitas famílias perceberam que certos hábitos de consumo não faziam mais sentido e mereciam ser reavaliados. Em muitos casos, poderiam ser reajustados de forma duradoura. Esta lição é importante porque demonstra, na prática, que muitas de nossas escolhas acabam acontecendo de forma impulsiva e sem considerar as reais possibilidades financeiras da família.

Com a pandemia, isso foi colocado em xeque. Enquanto certas despesas se elevaram, outras diminuíram, principalmente aquelas associadas ao consumo automático do dia a dia. Algumas escolhas passaram a ser mais discutidas e o orçamento mais respeitado. Que possamos seguir agindo assim depois de passada a tormenta.

. Lição 3: trocar gratificação instantânea por planejamento é possível – Quando deixamos de consumir algo hoje para conquistar algo no futuro, estamos aprendendo a valorizar nosso esforço e construir patrimônio. Constatar e aceitar isso ficou mais fácil com a situação vivida em 2020. Incapazes de gastar com qualquer bobagem, muitas famílias perceberam o real benefício de conseguir poupar.

Algumas metas foram alcançadas mais rapidamente, enquanto a dificuldade de guardar foi derrubada pela própria situação. Assim, guardar dinheiro passou a ser possível em diversos casos, evidenciando uma lição fundamental da educação financeira: para conquistar sonhos maiores, precisamos apostar no planejamento e controlar melhor o desejo de gratificação instantânea.

Conclusão – Fazer tudo pelo celular, inclusive gastar, e viver em uma sociedade com respostas cada vez mais rápidas para tudo cria uma ansiedade enorme por resultados igualmente velozes. A construção de patrimônio, no entanto, é algo que requer paciência e disciplina. Em um ano marcado por uma situação grave de saúde, é essencial que as lições da pandemia se transformem em atitudes duradouras.

Que o aprendizado da educação financeira, acelerado por tantos desafios, seja constante e cada vez mais valorizado. Vamos pensar em um Ano Novo com mais consciência, paciência, planejamento e dinheiro guardado. O efeito colateral do cuidado com as finanças sempre será mais liberdade de escolha, tranquilidade e oportunidades.

(*) – É especialista em finanças pessoais e sócio da fintech Grão.