Lyrian Faria (*) e Marcos Corrêa (**)
Diante de um cenário mercadológico em constante evolução, a transformação digital tornou-se um elemento indispensável nas organizações para se manterem competitivas. No entanto, ao contrário do que muitos podem pensar, essa ação não se restringe apenas da ação de digitalizar a companhia.
Na verdade, esse é o primeiro passo de uma longa caminhada que traz para as empresas a missão de se adaptarem em três aspectos: novas tendências tecnológicas, modernização de processos e gerenciamento das pessoas.
A transformação digital visa, na prática, atribuir a inovação com um todo na empresa e, por isso, requer uma abordagem mais ampla que contemple a cultura organizacional. Ou seja, o conceito parte da premissa de tornar as empresas mais inteligentes, ágeis e produtivas.
Certamente, nesse processo, é aplicada a integração de tecnologias digitais, que alteram fundamentalmente a forma como uma empresa opera e entrega valor para os seus clientes. Por sua vez, é importante destacar que o processo de transformação digital pode ser algo longo, uma vez que, em seu desenrolar, serão incorporadas uma série de mudanças que exigem a criação de novos modelos de negócio e uma forte análise profunda acerca da cultura da empresa.
Até hoje, esse é um caminho que ainda podemos encontrar obstáculos. Isso porque grande parte das organizações ainda subestimam o nível de disrupção e apresentam desconfiança ao introduzir novas tecnologias e processos. Como prova disso, segundo a pesquisa de Serviços de Negócios e Tecnologia, realizada pela Forrester em 2022, foi apontado que a resistência à mudança está entre os cinco desafios mais frequentemente selecionados na execução da transformação digital.
Ainda segundo relatório, 21% dos tomadores de decisão de serviços globais que apoiam a transformação digital de suas organizações citaram a implementação de novos processos e capacidades como um dos seus maiores desafios. E, por falar em obstáculos, não podemos deixar de fora o fator humano, que ainda pode ser considerado responsável pela demora ou falha no processo de transformação digital.
De acordo com David Rogers, professor da Universidade de Columbia e autor de The Digital Transformation Roadmap, cerca de 70% dos esforços de transformação digital falham. Segundo ele, isso ocorre porque as empresas veem esses esforços como problemas tecnológicos, e não como desafios organizacionais que realmente são.
Neste cenário, a gestão de mudanças (GMO) desempenha um papel fundamental para garantir que uma empresa não se torne apenas digital e operacional, mas sim faça jus à verticalização dos negócios. Justificando essa importância, segundo um estudo do Change Management Institute, 47% das organizações que integram a GMO têm maior probabilidade de cumprir os seus objetivos do que os outros 30% que não a incorporaram.
Em se tratando da era da disrupção digital que estamos inseridos, cabe aos gestores o papel de reconhecer que a transformação digital não é apenas a implementação de uma nova tecnologia, mas uma mudança que afeta todos os aspectos da organização, desde a cultura até as operações.
Diante disso, é comum vermos uma parte das organizações afirmarem que estão dando início a esse processo ao implementaram um ERP. No entanto, é importante enfatizar que adotar ao sistema de gestão é apenas o primeiro passo dessa jornada, cujo nível de aproveitamento será determinado pelo apoio da GMO em conjunto com a liderança em fazer com que a estratégia passe a ser vertical.
Sendo assim, é essencial que a alta gestão crie um mindset de melhoria contínua, entendendo que, por mais que os desafios sejam inevitáveis nesse processo, investir em um bom planejamento e em GMO ajudará a deixar essa caminhada mais simplificada. Afinal, ao adotar a gestão de mudanças organizacionais, a empresa garante uma transição suave, minimiza a resistência e maximiza os benefícios da transformação digital.
Em suma, quando falamos em digitalização, não podemos nos esquecer de que essa base que é formada por três pilares: tecnologia, processos e pessoas, e sem esses três aspectos, não há transformação digital. Por isso, as organizações que conseguirem implementar novas tecnologias com esse nível de maturidade colherão diversos benefícios, como aumento no engajamento das equipes como um todo, otimização de processos, redução de custos e crescimento em escala.
Uma coisa é fato: para as empresas que querem iniciar a transformação digital sem o apoio da GMO, será como navegar em um barco sem leme, uma vez que esse é um componente indispensável para criar um caminho de sucesso para o futuro digital.
(*) – É diretora da Dynamica Consultoria (https://dynamicaconsultoria.com.br/); (**) – É CEO do Grupo INOVAGE (https://inovage.com.br/).