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Projetos podem suprimir cerca de 7,8 milhões de ‘Maracanãs’ na Amazônia

em Manchete Principal
quarta-feira, 15 de junho de 2016

Estão em curso cerca de 250 projetos de construção de barragens na bacia hidrográfica amazônica, além de 20 propostas de novas rodovias.

As unidades de conservação da Amazônia brasileira podem sofrer supressão de mais de 6,5 milhões de hectares – área equivalente a 7,8 milhões estádios de futebol como o Maracanã – caso sejam aprovados os projetos de impacto ambiental que estão em tramitação no País.
O alerta é de um relatório divulgado ontem (15), pela WWF, Ong ligada ao meio ambiente. Segundo o documento, desde 2005 tem havido um “aumento drástico” na frequência de atos legislativos promulgados para “rebaixar de categoria, reduzir o tamanho ou retirar por completo a proteção legal” das unidades de conservação.
Esses projetos se referem, principalmente, à implementação de barragens para usinas hidrelétricas e à construção de rodovias no território amazônico. Atualmente, está em estudo a estruturação de duas usinas hidrelétricas na Amazônia: a de São Luiz do Tapajós, prevista para começar a operar em 2021, e a de Jatobá, com inauguração estimada para 2023, ambas no Pará. Juntas, respondem por 70% de toda a geração de energia hidrelétrica que o governo pretende implementar nos próximos dez anos.
Projetos como esses, avalia a WWF, ameaçam a integridade dos ecossistemas, suas espécies e os bens e serviços ecológicos que o bioma oferece, podendo minar sua capacidade de estabilizar e regular os padrões climáticos regionais e globais. “Pressões múltiplas e interligadas decorrentes de interesses econômicos dos países da região e do resto do mundo têm provocado uma transformação sem precedentes”, destaca o texto.
Segundo a pesquisa, estão em curso no Brasil cerca de 250 projetos de construção de barragens na bacia hidrográfica amazônica – o que pode trazer impactos “catastróficos” às espécies de peixes – e mais de 20 propostas de novas rodovias, as quais “devem levar a um rápido aumento do desmatamento com base em experiências anteriores”. A WWF identificou 31 frentes de desflorestamento que avançam em “todas as direções” da Amazônia, prejudicando o desenvolvimento sustentável da região, baseado na economia florestal.
Conforme aponta o relatório, a agricultura e a pecuária geram graves impactos ao bioma e ao clima e, por isso, são consideradas “as maiores forças de transformação da Amazônia atualmente”, seja em grande ou pequena escala (AE).