A quantia de saques da poupança superou a de depósitos em R$ 2,453 bilhões em julho, segundo dados divulgados pelo Banco Central. No ano até o mês passado, as saídas líquidas dessa aplicação somaram R$ 40,995 bilhões. Nos dois casos, tratam-se dos maiores volumes de retiradas dos últimos 20 anos para os períodos, desde quando a instituição começou a compilar as informações disponíveis até hoje, em 1995.
Até então, o pior julho para a caderneta havia sido em 1999. Na ocasião, o resultado ficou negativo em R$ 1,250 bilhão. O resultado do ano até agora também é significativo, já que há 10 anos, não se via um volume de resgates maior do que o de aplicações em todos os meses de um ano de janeiro a julho.
Com o resultado de julho, o saldo total da poupança ficou em R$ 648,246 bilhões, já incluindo os rendimentos do período, no valor de R$ 4,138 bilhões. Os depósitos na caderneta somaram R$ 167,4 bilhões no mês passado, enquanto as retiradas foram de R$ 169,9 bilhões. A situação de julho só não foi pior porque, no último dia do mês, a quantidade de aplicações foi R$ 4,359 bilhões maior do que o das retiradas. Até o dia 30, o saldo da caderneta estava no vermelho em R$ 6,8 bilhões. É comum ocorrer um aumento dos depósitos no último dia de cada mês por conta de aplicações automáticas e de sobras de salários.
O que tem ocorrido nos últimos meses, no entanto, é que essa sobra tem sido cada vez menor. Além disso, com o atual ciclo de alta dos juros básicos e do dólar tornando outros investimentos mais atrativos, a caderneta de poupança perde o brilho. Até porque, há três anos a forma de remuneração da aplicação mudou. Por causa dessa sangria na poupança vista desde o início do ano, o setor imobiliário passou a reclamar de falta de recursos para financiamentos de casas e apartamentos.
Para minimizar esse quadro, o BC decidiu liberar os bancos para usar R$ 22,5 bilhões dos depósitos da poupança que são obrigados a manter na instituição para desembolsos nas operações de financiamento habitacional e rural. A decisão foi tomada no fim de maio pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão que reúne o BC e os ministérios da Fazenda e do Planejamento.
Foi reduzida a obrigatoriedade de guardar uma parte dos depósitos da caderneta no BC desde que os recursos fossem usados para financiamento habitacional (até R$ 22,5 bilhões) e empréstimos a produtores rurais (outros R$ 2,5 bilhões).
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