O resultado do Caged de abril retrata que o processo de deterioração do mercado de trabalho está se aproximando do fim, analisam economistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. A economia brasileira criou 59.856 vagas de emprego formal no mês passado. Esse foi o primeiro resultado positivo para o mês desde 2014, quando foram abertas 105 mil vagas. Nos quatro primeiros meses de 2017, há ainda uma perda de 933 postos de trabalho com carteira assinada. Em 12 meses, há um fechamento de 969.896 vagas.
Nos cálculos do economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Melo, por exemplo, houve eliminação de 30 mil vagas formais no mês passado, em termos ajustados. Mas Melo ressalta que esse saldo é menos negativo do que o de março, de fechamento de cerca de 70 mil vagas. “Em termos dessazonalizados, vemos um cenário de recuperação gradual do emprego, assim como da economia, com destruição líquida de vagas cada vez menor. Estamos saindo do fundo do poço.”
O economista Fábio Romão, da LCA Consultores, reforça que há um “estancamento” do processo de perdas do mercado de trabalho feito nos últimos anos, mas que não deve ocorrer uma recomposição de vagas de maneira “célere”. A consultoria espera saldo líquido positivo na faixa de 3 mil neste ano. “O mercado de trabalho deve precisar de uns quatro anos para recompor esses 3 milhões de vagas perdidas”, diz ao referir-se à destruição de vagas nos últimos dois anos.
No resultado do comércio, sem ajustes sazonais, Romão, da LCA, lembra que pode ter alguma influência dos saques das contas inativas dos consumidores. Em abril do ano passado, o segmento fechou pouco mais de 30 mil vagas, enquanto no quarto mês de 2017 o comércio abriu 5.317. Esse resultado foi considerado uma “boa surpresa” para o professor doutor da USP em Ribeirão Preto, Luciano Nakabashi.
Já para o economista Thiago Xavier, da Tendências Consultoria Integrada, a permanência da maioria dos setores, à exceção de agropecuária, no campo negativo, em suas contas dessazonalizadas, indica que o processo de ajuste no mercado de trabalho ainda não chegou ao fim. Segundo ele, um cenário melhor para o mercado de trabalho pode ser observado na segunda parte do ano, assim que as perspectivas de avanço para a atividade econômica se solidifiquem (AE).
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