A produção industrial registrou, em abril, a primeira alta do ano, de 0,6%, considerando a comparação com o mês imediatamente anterior, segundo o IBGE. O setor não crescia desde dezembro, quando a taxa foi de 2%. Ainda assim, a interpretação do cenário da indústria em abril é de incerteza. André Macedo, gerente de Indústria do IBGE, classificou como “errático” o comportamento da indústria em abril.
“Há estabilidade em um determinado patamar, mas o setor industrial ainda permanece muito longe dos seus patamares históricos. O setor opera 19,8% do pico, alcançado em junho de 2013. Há um distanciamento importante”, destaca ele. Segundo Macedo, “é como se a produção operasse em patamar de janeiro de 2009, o que está relacionado ao nível de capacidade instalada, retração da demanda, mercado de trabalho desfavorável. Não há uma trajetória definida para a indústria. Há um campo importante para recuperar”.
As principais influências positivas na série com ajuste sazonal apresentaram resultados negativos no mês anterior. É o caso dos segmentos farmacêutico, que avançou 19,8%, após cair 23,4% em março; veículos automotores, reboques e carrocerias, que subiu 3,4% em abril, após queda de 6,9% em março; e produtos derivados de petróleo, que avançou 2%, após cair 3,4%. A principal influência negativa partiu do segmento extrativo mineral, que recuou 1,4% na passagem de março para abril e acumula queda de 2,9% nos últimos três meses. Em abril, é possível que paradas programadas de plataformas de petróleo tenham contribuído para a queda, de acordo com Macedo.
A indústria alimentícia foi a que apresentou pior resultado em abril e a que mais contribuiu para a queda de 4,5% da produção industrial, comparado a igual mês do ano anterior. Macedo apresentou uma série de fatores que influenciaram essa taxa. O principal foi o atraso na moagem da cana de açúcar, seguido de embargos à exportação de carnes, por conta da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, que levou a paralisações de dez a 15 dias no mês.
Com isso, a indústria alimentícia recuou 16,4% em abril, comparado a igual período do ano anterior. Ao todo, 82,9% do segmento de alimentos apresentaram taxas negativas em abril. Além disso, a ocorrência de um número menor de dias úteis pesou no resultado anual da indústria no mês (AE).
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