Como última cartada para aprovar a reforma da Previdência ainda este ano, o governo trabalha para que pelo menos seis partidos da base aliada obriguem seus parlamentares a votar a favor do texto. Isso garantiria os votos de 219 deputados do PMDB, PSDB, DEM, PRB, PP e PTB. A maioria das siglas, no entanto, avalia que isso só será possível se o PMDB, legenda do presidente Michel Temer, e o PSDB tomarem a dianteira.
A articulação do governo em torno dos partidos indica uma mudança de estratégia na reta final para colocar a reforma em votação no Congresso ainda este ano. Em vez de negociar voto a voto, a equipe política busca um compromisso mais firme dos comandos dos partidos para amarrar o apoio dos seus parlamentares. No jargão político, o que se quer é que os partidos “fechem questão” sobre o assunto. Isso significa que a decisão precisa ser tomada pela maioria da executiva nacional do partido.
Quando isso acontece, parlamentares que votarem de forma diferente ao que determinou a direção podem ser punidos até mesmo com a expulsão. Presidentes de partidos também propuseram um “pacto” envolvendo a distribuição do fundo eleitoral e a janela para mudança de partido sem risco de perda de mandato. A ideia é repassar mais recursos do fundo para deputados mais fiéis ao governo e que as siglas não aceitem deputados que votassem contra a reforma.
A sugestão foi apresentada pelo presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, mas enfrenta resistência de partidos como o DEM, que planeja aumentar sua bancada na Câmara em pelo menos nove deputados. O PTB divulgou carta pública na qual afirma que orientará sua bancada a votar a favor da reforma.
Para passar no plenário da Câmara, são necessários 308 votos em cada um dos dois turnos de votação. O governo espera que a proposta seja votada na próxima semana, mas só levará a plenário se tiver 320 a 330 votos garantidos. “Hoje não temos nem 300 votos”, admite Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Casa. “No sábado eu estava pessimista, mas agora estou realista”, afirmou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ainda assim, integrantes da base, como PR (37 deputados), PSD (38) e SD (14), já informaram que não fecharão questão (AE).
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