Felipe Leonard (*)
Assumir postura ética tem implicações em nossas rotinas, exercendo impacto positivo nas esferas pessoal, profissional e social. Mas o que é, de fato, viver uma vida ética?
Significa, em síntese, tomar decisões que sejam positivas para outras pessoas, e sustentáveis em relação ao planeta, guiadas por uma avaliação das situações com olhar crítico e consciente. Isso se traduz em escolhas que levam em conta o meio ambiente, o bem-estar de todos e o “ecologicamente correto”, que é diferente do “politicamente correto”.
O “politicamente correto” tem relação com a moda e com as ideologias, com o medo de não coincidir com o pensamento das maiorias e não ser aceito. Então, não necessariamente tem a ver com a verdade. Já o “ecologicamente correto” deve ser definido com base em fatos comprovados pela ciência, e na visão de longo prazo, assim como no desejo genuíno de agregar valor para as pessoas e para as comunidades.
Nesse sentido, ser ético envolve também a empatia e a generosidade, assim como, o senso comum. Independentemente de o planeta “aguentar”, em maior ou menor grau, o impacto de alguma atividade humana, se pudermos fazê-la de forma que seja neutra ou até ajude a natureza, o lógico é escolher esse caminho. Mas não é possível pensar somente no “eu”, é preciso que haja foco no coletivo. Não se deve pensar apenas no momento presente, é preciso também atuar em favor das gerações futuras.
Só assim seremos efetivos, de forma a trazer a importância da ação individual para a construção do todo. Mais do que nunca, os consumidores e as empresas têm se pautado na ética e em valores. O modelo de desenvolvimento econômico dos últimos séculos, o capitalismo de livre mercado e a globalização – com a maior integração entre as nações -, tem levado ao crescimento do poder de compra de milhões de pessoas ao redor do mundo e, também, a um maior pool de potenciais clientes.
Porém, hoje, enfrentamos o desafio de continuar esse processo de forma sustentável. A escolha não é, e nem pode ser, pelo “progresso” ou pela “natureza”; temos a tecnologia e a inteligência para continuar ganhando a batalha contra a pobreza. Com isso, iremos garantir que mais pessoas saiam desse ciclo para ingressar em uma espiral de prosperidade, ao mesmo tempo em que vamos conviver de forma harmoniosa e sustentável com a natureza. E o segredo está em nossas escolhas enquanto indivíduos.
Um indivíduo, aliás, é alguém que possui uma identidade pautada pela cultura, pelos valores e pelas interações sociais. Mas, ainda que fatores externos contribuam para a formação da sua personalidade, é no pensamento que a ação de cada um ganha forma, assumindo sua total responsabilidade com uma vida ética.É uma sorte saber que cada pessoa está apta a fazer escolhas inteligentes e, assim, impactar positivamente sua comunidade.
A frase “seja a mudança que quer ver no mundo” nos lembra que, se cada ser humano assumir a responsabilidade individual de se aprimorar, o nosso planeta seria, automaticamente, um lugar melhor. Viver uma vida ética depende, portanto, de todos nós. Ou seja, para promover uma transformação real no planeta, comece por você mesmo. Quer tentar? Então faça boas escolhas para dar os primeiros passos nessa direção:
1) Recicle tudo o que for possível. Antes de descartar qualquer coisa, considere tudo aquilo que pode ser reciclado. E faça essa divisão na hora de separar os detritos, em casa. Itens de plástico, vidro, papelão, papel, latas e alumínio devem ser colocados em lixo próprio para produtos recicláveis.
E mais: lave os itens que ficaram com restos orgânicos, pois no caso de as embalagens não estarem bem limpas, haverá proliferação de bactérias decorrentes da decomposição dos resíduos, além da contaminação de outros itens, o que pode, até mesmo, inviabilizar o processo na central de reciclagem. Precisamos fazer a nossa parte de modo correto e consciente. Lembre-se disso sempre!
2) Economize água, pois é um recurso finito. Há muitas maneiras de economizá-la, como instalar chuveiros, máquinas de lavar roupas e louças de baixo consumo. Vale a pena, também, aprender a reutilizar a água. E jamais lave calçadas com mangueira, atitude que, acertadamente, em muitas cidades pelo Brasil, acarreta em multas.
E, também, devemos ter cuidado com o transporte desse bem tão precioso, pois necessita de grande quantidade de energia – gerada, hoje, em 85% por fontes não renováveis no mundo. Por isso mesmo, economizar água é também reduzir as emissões de carbono na atmosfera.
3) Vai às compras? Use uma ecobag. O plástico, ao contrário de outros materiais, não só requer recursos valiosos para ser produzido, como petróleo e gás natural, mas também prejudica o meio ambiente de modo impactante, devido à sua incapacidade de se decompor.
As sacolas plásticas levam de quatrocentos a mil anos para se degradar. Felizmente, uma das maneiras mais simples e econômicas de diminuir o consumo de plástico é usando uma ecobag, facilmente encontrada nos supermercados. Em muitos países é praxe também utilizar sacolas de papelão reciclável.
4) Consuma alimentos da sua comunidade. Para começar, a comida local é mais fresca, saudável e saborosa, porque passa menos tempo no trânsito, da fazenda para o prato. Além de gastar menos combustível para o transporte, o que colabora com a preservação do meio ambiente, o consumo mais demorado está ligado à diminuição da perda de nutrientes.
Por outro lado, a rede de distribuição mais curta colabora com a redução no desperdício de alimentos durante o armazenamento e na sustentabilidade de toda a cadeia. A menor emissão de gases de efeito estufa ajuda, ainda, na preservação da biodiversidade. Pense nisso: é mais “sustentável” comer carne de gado criado na sua região — no caso de terras sem desmatamento –, do que comer uma fruta congelada que deu a volta ao mundo até chegar à sua casa.
Há, ainda, um outro fator importante: quando compramos de sítios e pequenos produtores próximos a nós, estamos ajudando a fomentar a economia local e fortalecendo a geração de empregos nas comunidades perto de você.
5) Compre menos, pondere mais. Vale fazer uma reflexão: pensando em tudo aquilo que você compra, do que você realmente precisa? Hoje em dia, gastamos muito dinheiro com itens de que não precisamos, sejam alimentos, roupas e produtos. E grande parte de nosso consumo acaba no lixo. Ou seja: ter muitas coisas não traz mais felicidade. Por isso, limite suas compras a bens funcionais e priorize os que são duráveis.
Uma boa dica é sempre doar tudo aquilo que já não lhe serve mais. Lembre-se que o hábito de gastar menos e poupar mais, investindo suas economias com disciplina e constância ao longo dos anos, é uma das receitas para a liberdade financeira e uma aposentadoria confortável.
6) Abra mão do carro de vez em quando. Caminhe ou ande de bicicleta. Mesmo que seja apenas para fazer algumas tarefas nos fins de semana. Não existe tristeza ou problema que resista um pouco de sol e vento no rosto, e, de passo a passo, a gente cuida o planeta!
7) Modere o consumo de carne e laticínios. Você pode se surpreender ao saber que a produção destes itens gera em torno de 14,5% dos gases que causam o aquecimento do planeta. Por isso, é importante abrandar seu consumo, em prol da preservação das florestas e do combate aos efeitos desastrosos da mudança climática.
8) Utilize o seu poder como consumidor e eleitor: As empresas de maior sucesso são as que melhor conseguem satisfazer as demandas dos seus clientes. Em outras palavras: as organizações vão se adaptar e mudar em função dos desejos dos seus consumidores. Na relação entre políticos e eleitores não é diferente.
O consumidor, assim como o eleitor, são agentes poderosos para transformar o mundo. Equivale a dizer que quanto mais cobrarmos comportamentos responsáveis, sustentáveis e éticos dos políticos e das organizações em nossos papeis sociais, maior e mais rápida será a mudança para o bem de todos.
(*) – É CEO e presidente da S.I.N. Implant System (www.sinimplantsystem.com.br).