A segunda leitura positiva na série com ajuste sazonal do Monitor do PIB-FGV, indicador mensal para estimar o Produto Interno Bruto (PIB), indica que a atividade econômica pode ter parado de cair neste início de ano. Há, entretanto, pouco motivo para ser comemorado, segundo Claudio Considera, coordenador do índice desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Mais cedo, a entidade informou que a atividade econômica começou 2016 com ligeira alta, de 0,13%, em janeiro deste ano ante dezembro de 2015. Em dezembro, o índice havia subido 0,06% ante novembro. “Também não tem como o PIB cair muito mais. Se cair mais, desaparece”, afirmou Considera. O alerta do coordenador do índice é feito com base na comparação dos dados do Monitor do PIB-FGV de janeiro último com igual mês de 2015. Nessa base de comparação, houve queda de 6,1%, a pior queda desde o início da série do indicador em 2000.
Os dados confirmam os efeitos do carregamento estatístico, ou seja, se o PIB estabilizar no nível do fim de 2015 ao longo deste ano, na comparação média de 2016 com o ano passado, haverá nova retração. Considera destacou que o Ibre/FGV estima que, somente pelo efeito estatístico, já haveria queda de 2,5% no PIB deste ano. “Temos de contrabalançar os dados da ponta (dessazonalizados) com números que não fazem a gente ficar confiante”, afirmou Considera.
A ligeira melhora na passagem de dezembro para janeiro foi impulsionada pela indústria da transformação. A alta de 3,87% nessa atividade em janeiro ante dezembro fez o agregado da indústria avançar 0,56%. Ainda assim, na comparação com janeiro de 2015, a indústria da transformação afundou 14,4%. Considera não exclui um possível efeito do câmbio para favorecer a indústria. “As exportações foram um elemento importante”, disse o pesquisador.
O setor externo, que já foi o único dado positivo para a atividade econômica em 2015, continuou melhorando em janeiro. Segundo os dados do Monitor do PIB-FGV, as exportações avançaram 5,8% em relação a janeiro de 2015. Ainda assim, o setor externo melhorou mais por causa das importações, que recuaram 24,5% em relação a janeiro de 2015 (AE).
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