O número de consumidores brasileiros com contas em atraso continua crescendo e chegou a 58,7 milhões de devedores em todo o país. Apenas entre fevereiro e março cerca de 700 mil devedores foram negativados. Os dados são do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e representam 39,64% da população entre 18 e 95 anos. A estimativa é de que 4,2 milhões de novos devedores foram incluídos nas listas de inadimplentes desde o início de 2015, quando o indicador apontava para 54,6 milhões de negativados.
Os dados mostram que, ainda que a lei 16.569/2015 esteja dificultando a negativação dos inadimplentes no estado de São Paulo, o número de consumidores registrados em cadastros de devedores segue em crescimento em todo o restante do território nacional. Considerando as outras quatro regiões, o maior número absoluto de negativados está no Nordeste, com 15,7 milhões de pessoas. No entanto, em percentual da população adulta, este número representa 40,02%, o segundo menor, à frente apenas dos 36,21% da Região Sul, que possui 8,0 milhões de negativados.
Por outro lado, a região Centro-Oeste tem o menor número absoluto de negativados, 4,8 milhões, mas com um percentual relativamente alto do total da população adulta: 42,85% – atrás apenas da região Norte, onde 46,35% dos adultos estão inadimplentes e registrados em cadastros de devedores.
Segundo o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a inadimplência deve continuar crescendo nos próximos meses, em razão da piora da economia e do aumento do número de desempregados. “As altas taxas de juros encarecem as compras realizadas a prazo e os financiamentos, dificultando ainda mais o pagamento em dia dos compromissos financeiros”, afirma.
A abertura das dívidas não pagas por segmento da economia revela que as pendências com contas básicas de Água e Luz registraram o crescimento mais elevado em três das quatro regiões estudadas: alta de 19,49% na região Nordeste, de 15,45% no Norte e de 7,97% no Sul em março deste ano na comparação com o mesmo período de 2015.
“O aperto financeiro tem cada vez mais impacto na capacidade de pagamento até mesmo de contas básicas do dia a dia”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. “Há vários meses as dívidas com os segmentos de serviços básicos para o funcionamento das residências tem crescido de modo substancial” diz.
Fonte: SPC Brasil/CNDL