Luiz Neto (*)
Garantir entregas eficientes, com segurança e dentro do prazo, melhorando cada vez mais o nível de atendimento ao cliente, conseguir extrair o máximo de uma sincronização da cadeia de abastecimento e manter custos operacionais saudáveis são desafios complexos quando se opera em áreas densamente povoadas com trânsito intenso ou, muitas vezes, restritas a determinados tipos de veículos, além dos altos índices de roubo de carga.
Essa junção de fatores cria um cenário que deve ser pensado e repensado constantemente, sobretudo quando tratamos do comércio eletrônico, que precisa ser ágil em suas entregas. Somado a este cenário, tivemos a restrição de circulação das pessoas para combater o avanço do Coronavírus, que proporcionou uma forte expansão da base de consumidores do e-commerce. Essa mudança de comportamento impulsionou e irá pressionar as operações no pós-crise com o aumento de demanda por produtos considerados itens básicos, como os alimentos e as bebidas.
Juntos, esses setores eram responsáveis por menos de 4% do total de pedidos realizados em abril de 2019 e, ao compararmos o mesmo período de 2020, tivemos um crescimento no volume de compras de 294%, segundo dados do Compre&Confie. Realizar as entregas desses produtos exige operações logísticas coordenadas e controladas. Para isso, as companhias precisaram incrementar o seu ecossistema logístico afim de garantir a satisfação do cliente, seja através de suas plataformas digitais, marketplace, redes e modais de distribuição.
É justamente nesta etapa de distribuição que vale uma consideração à parte. Muitos comércios de bairro, como mercados, açougues e lanchonetes já utilizavam a bicicleta como meio para sua distribuição, mas, somente agora, esse modelo começou a ser explorado e sua atividade profissionalizada. É uma modalidade de entrega ágil, dinâmica e de fácil aplicação, que traz conceitos de integração entre segurança e produtividade.
Analisando a entrega eficiente, não pense na bicicleta como a solução, ela é parte integrante e fundamental. Com ela, é possível reduzir a exposição em coletas e entregas, visitando 30 endereços em três horas, mesmo com o trânsito intenso de veículos das regiões metropolitanas. Nesse ponto, é necessário se atentar e considerar os riscos referentes aos valores transportados, perfil de carga e marcos regulatórios, como, por exemplo, o transporte de medicamentos, que exige cuidados específicos com o condicionamento da carga.
Também é necessário manter a rastreabilidade dos produtos durante todo esse ciclo e para isso devemos utilizar integrações sistêmicas de aplicativos mobile e entregadores treinados sobre procedimentos de segurança a serem adotados nas rotas de entrega. Nesta fase, também se passa a assumir controle de quem é este profissional de entrega que conduzirá as remessas.
Com inteligência e estratégia melhoramos a segurança, além de reduzir a exposição e o tempo de entrega com o avanço de estoques flexíveis de acordo com a sazonalidade que todo negócio precisa. Além disso, carga parada é prejudicial, pois cria oportunidade de perdas, reduz a eficiência e afasta a perspectiva de fidelizar mais clientes.
Somado a todos os ganhos mencionados, a entrega com bicicleta também possibilita empregabilidade às pessoas, reduz custos de manutenção da frota, mantém o valor de frete independente do preço do combustível e associa a marca a uma preocupação ambiental com redução da emissão de gases do efeito estufa. E quem enxergava a bike ou magrela apenas como lazer, passa a enxergar como uma solução inovadora.
(*) – É especialista em segurança e Gerente de Segurança Empresarial na ICTS Security, consultoria e gerenciamento de operações em segurança, empresa de origem israelense (www.ictssecurity.com.br).