Dan Cohen (*)
A tecnologia facilita a busca por crédito para os empresários à frente das PMEs no Brasil. A demanda por crédito das micro, pequenas e médias empresas cresceu com a pandemia. De acordo com dados do Indicador de Demanda das Empresas por Crédito da Serasa Experian, a demanda por empresas cresceu 20% no Brasil em janeiro de 2022, na comparação com o mesmo período de 2021.
Pesquisa do Sebrae mostra que a proporção de novos negócios que tentaram um empréstimo junto aos bancos oficiais passou de 18% para 38% somente nos últimos seis meses de 2020, na comparação com o ano anterior. Pesquisa da FGV ajuda a entender as principais dificuldades que assolam as PMEs quando o assunto é crédito. O estudo destaca que no país há uma lacuna de R$ 166 bilhões por ano em crédito para pequenas e médias empresas.
As 17 milhões de PMEs do Brasil possuem um potencial de demanda de crédito de cerca de R$ 14 bilhões por ano. A oferta disponível hoje atende dois terços da necessidade. Os empreendedores sofrem com a burocracia e é preciso estar com os documentos e balanços muito bem organizados para despertar o interesse das instituições financeiras.
Por outro lado, é importante lembrar que as PMEs são responsáveis por 27% do PIB, 52% dos empregos com carteira assinada e 40% dos salários pagos no Brasil, de acordo com dados do Sebrae. Logo, os impactos do endividamento dessa classe de empresas e a falta de crédito para inovação são sentidos pelas indústrias, pelas famílias e no desenvolvimento econômico do país. Impulsionar a oferta, facilitar o acesso e desburocratizar o crédito para os pequenos e médios empresários têm sido tarefas que as fintechs abraçaram.
Ao promoverem inclusão financeira, as fintechs entregam diversos benefícios para o mercado, entre eles a redistribuição do poder aquisitivo. Essas startups oferecem serviços mais segmentados, logo, conseguem ter mais foco e direcionar sua expertise para uma determinada solução demandada. Suas estruturas mais enxutas também diminuem a burocracia, facilitando adaptações às necessidades dos clientes, assim como, por serem digitais, têm um custo menor.
Esse conjunto de fatores ajudou as fintechs a crescerem e, como consequência, o poder financeiro que antes era restrito a algumas instituições foi distribuído para uma nova cadeia de inovação em finanças, chegando mais fácil a quem precisa desses serviços. Outra transformação que as fintechs estão proporcionando é a inclusão financeira.
O acesso a linhas de crédito oferecidas apenas para clientes com um longo histórico de relacionamento com os bancos é uma das restrições do mercado que essas startups agora buscam solucionar, democratizando as oportunidades e incluindo no sistema financeiro pequenas empresas desbancarizadas. Uma boa opção que surgiu há alguns anos é o empréstimo entre pares, ou peer-to-peer lending (em inglês), que é uma modalidade de empréstimo coletivo que também foi introduzido pelas fintechs.
Esse serviço conecta empresas em busca de recursos financeiros a investidores pessoas físicas que desejam ter mais rentabilidade. Com uma análise de crédito 100% online, as fintechs conseguem viabilizar recursos financeiros com melhores taxas de juros para os tomadores e retornos maiores para os investidores em processos sem burocracia e mais rápidos.
As oportunidades para as PMEs com as fintechs são inúmeras. Cada vez mais os empreendedores poderão obter recursos para capital de giro e para investimentos em inovação e em infraestrutura sem passar pelos bancos tradicionais, mantendo a capacidade de trabalho de suas organizações, gerando empregos e produzindo um mundo mais inclusivo hoje e para o futuro.
(*) – É fundador e CEO da Finpass, marketplace de crédito para PMEs (www.finpass.com.br).