Toquinho diz que “há falta de brasileirismo” na nova geração de artistasFilho da bossa nova e um dos grandes nomes da MPB, Toquinho lamenta a ausência de uma nova geração de artistas, como o foi a sua, um fato que atribui à falta de um ‘Brasil maravilhoso’. Com mais de cinco décadas de carreira, Toquinho tem a mesma sensação do começo, no início dos anos 70, quando começou a compor para o mestre Vinicius. Foto: Simon Plestenjak/UOL Alba Santandreu/Agência EFE “Não há falta de talento, há uma falta de brasileirismo. Tem a minha geração, a geração de Tom Jobim e por que não há uma geração (de artistas) agora? Há pessoas talentosas, mas não há uma geração. Não há um Brasil”, disse o artista. De acordo com Toquinho, a geração de Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil viveu um Brasil “maravilhoso”: o da fundação de Brasília, do governo de Juscelino Kubitschek e da chegada do Cinema Novo. “Não foram os nossos talentos que forjaram a minha geração, foi o Brasil. O Brasil não forja nada agora. Talentos existem, mas uma geração unida, não”, ressaltou. Esses artistas nasceram com “a semente da bossa nova” e encontraram uma ditadura militar no meio do caminho que os obrigou a serem criativos “para dizerem certas coisas que queriam dizer diante de uma censura que era muito rigorosa”. “A censura forjou a nossa criatividade, mas nenhuma ditadura forja artistas, as ditaduras sempre são muito ruins”, alertou o cocriador de “A Tonga da Mironga do Kabuletê”, uma canção de atrevimento que compôs com Vinicius de Moraes durante a ditadura no Brasil. O compositor de “Aquarela” diz se sentir otimista sobre o futuro de um “país enorme que o tem tudo”, mas que nos últimos anos foi prejudicado pela corrupção e por “políticos que os brasileiros não merecem”. Sobre o futuro, Toquinho se mostrou confiante em relação ao governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro, do qual espera um freio à antiga ‘classe política que monopoliza tudo’ no país e que, segundo ele, agora está ‘assustada’ devido ao aumento da rigidez ‘das leis contra a corrupção’. “Para limpar alguma coisa, é preciso sujar as mãos. Basta não roubar o que roubaram, trilhões, e que haja um pouco mais de dignidade nessa política. Acredito que agora o Brasil está nas mãos de pessoas que são incorruptíveis. Não vejo o juiz Sergio Moro como corrupto, nem Jair Bolsonaro. Isso é segurança total de não corrupção”, analisou. Com mais de cinco décadas de carreira, Toquinho disse ter a mesma “sensação do começo”, a de um jovem músico que no início dos anos 70 começou a compor para o mestre Vinicius de Moraes. Em uma viagem de navio a Buenos Aires, Toquinho, que na época tinha pouco mais de 20 anos, mostrou a Vinicius uma adaptação do adágio “roubado” de Tomaso Albinoni. A melodia, que se tornou samba, deu origem à primeira canção assinada por ambos, “Como dizia o poeta”, cuja letra Vinicius escreveu meses depois em uma viagem de ônibus à Bahia. “Porque a vida só se dá para quem se deu. Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu”, diz a canção, que marcou o início de uma década de trabalhos da dupla. Segundo Toquinho, após a morte de Vinicius, em 1980, havia “canção e violão todos os dias, o lado profissional era uma consequência da amizade”. “Demos o que ambos necessitávamos. Ele me deu um conhecimento de vida e eu lhe dei o que ele não tinha mais, que era a juventude, o vigor de fazer as coisas, a criatividade, as canções novas”, contou. Das histórias que pode contar, Toquinho retém na memória a viagem de navio a Buenos Aires. Ele estava enjoado e Vinicius, que considerava o uísque o melhor amigo do homem, bebia sem parar, como ‘costumava fazer todos os dias’. “Um dia, discutindo umas coisas, ele me disse que quem não sabe beber não tem personalidade. Não falava de coração, falava da boca para fora. Era uma agressão carinhosa”, relembrou entre risos. | |
PSG admite racismo para recrutar jogadores na baseAgentes do clube dividiam os atletas pelas suas etnias. Foto: EPA O Paris Saint-Germain (PSG) está envolvido novamente em uma grande polêmica. De acordo com um dossiê publicado na quinta-feira (8) pela plataforma “Football Leaks”, o clube francês praticou discriminação racial para selecionar atletas para as categorias de base. Algumas horas depois da informação ter sido publicada no jornal “Mediapart”, ela foi confirmada pelo próprio PSG. O clube disse ter aberto uma investigação interna para apurar os métodos utilizados pelos seus agentes na seleção de jogadores. Segundo os dados do “Football Leaks”, alguns agentes catalogaram quatro “graduações” de acordo com a origem étnica do atleta para avaliar os jovens candidatos: “francês”, “do norte da África”, “das Antilhas” e “africano”. A plataforma apontou que, na hora de fazer o registro e preencher as instruções dos atletas no computador, há um espaço em branco que, quando clicado com o mouse, mostra as quatro categorias para selecionar a etnia do jogador. Neste método, baseado na etnia do adolescente, o PSG vetou em 2014 a contratação do meio-campista Yann Gboho, jogador da seleção francesa sub-17. O atleta, nascido na Costa do Marfim, é negro e defende atualmente o time B do Rennes. Gboho, na época, tinha 13 anos e suas atuações no FC Rouen teriam chamado a atenção de um dos agentes do PSG, Serge Fournier. Segundo Marc Westerloppe, que na época era o líder da área de recrutamento do clube em diversos países, o PSG orientou ele para “equilibrar a diversidade”, por ter “muitos atletas de origem das Antilhas e africanos” na equipe. “A Direção Geral do clube nunca teve conhecimento de um sistema de registro étnico dentro de um departamento de recrutamento nem o autorizava. Em vista das informações mencionadas, essas formas traem o espírito e os valores do Paris Saint-Germain”, afirmou o clube em um comunicado. O PSG também informou que já está tomando medidas para combater o racismo dentro da equipe francesa, entre elas, a elaboração de um outro método de recrutamento de jogadores para as categorias de base focado no comportamento e habilidade do atleta (ANSA). Cirurgia reparadora à mulheres que tiveram câncer de mamaA Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara aprovou proposta que obriga o SUS e planos de saúde a realizarem cirurgia plástica reparadora de mama após o tratamento de câncer. O texto aprovado é um substitutivo do Senado ao projeto do deputado Carlos Bezerra (MDB-MT). Relatora no colegiado, a deputada Laura Carneiro (DEM-RJ) explica que o SUS já prevê a realização da cirurgia reparadora junto com a cirurgia para a retirada do tumor, quando houver condições técnicas. “Acreditamos que a inclusão dessa extensão do texto legal fornecerá fundamentos jurídicos para que as mulheres pleiteiem o seu direito nas esferas adequadas”, avalia a relatora, ao acrescentar que, apesar de uma portaria do Ministério da Saúde e uma resolução do Conselho Federal de Medicina indicarem a reconstrução da mama após o tratamento de câncer no SUS, a Sociedade Brasileira de Mastologia informa que apenas 20% das mulheres são submetidas à cirurgia reparadora. Ao alterar a Lei dos Planos de Saúde, o substitutivo garante que a cirurgia reparadora seja realizada, quando possível, juntamente com a cirurgia para a retirada do tumor. Se isso não for possível, o texto do Senado prevê a realização da cirurgia reparadora assim que o paciente alcançar condições clínicas adequadas. “Batalhar pela mitigação das suas cicatrizes, físicas ou mentais, é o mínimo que podemos fazer pelas guerreiras que lutam contra a doença”, finaliza a relatora. O substitutivo do Senado será ainda analisado pela Comissão de Constituição e Justiça. Depois, seguirá para o Plenário (Ag.Câmara). | Recursos de multas ambientais para arborização urbanaÁrvores em rua de Curitiba: proposta prevê recursos para ampliar a arborização das cidades brasileiras e ajudar a recuperar áreas urbanas degradadas. Foto: Jaelson Lucas/SMCS Um décimo do valor das multas por descumprimento da legislação ambiental será destinado à arborização urbana e à recuperação de áreas degradadas. É o que prevê a Lei 13.731, de 2018, sancionada pelo presidente da República e publicada na sexta-feira (9) no Diário Oficial da União. Essa lei tem origem no projeto da Câmara, aprovado no Senado no último dia 16. Segundo a legislação, a arborização urbana e a recuperação de áreas degradadas poderão contar com 10% do valor dos recursos arrecadados da aplicação de multa por crime, infração penal ou infração administrativa, no caso de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, arrecadadas pelos órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama). O dinheiro deve ser aplicado no município onde ocorreu a infração ou o crime ambiental. A aplicação desse recurso vai atender a critérios a serem definidos por regulamentação posterior. No texto enviado à sanção estava prevista também a destinação de recursos vindos de taxa cobrada antecipadamente referente a poda e corte de árvores. Mas o mecanismo foi vetado pelo presidente Temer, depois de consulta à AGU e aos Ministérios da Justiça, do Meio Ambiente, do Planejamento e da Fazenda. De acordo com a justificativa para o veto, o dispositivo viola o o princípio da autonomia dos entes federados, estabelecido na Constituição e, ao estabelecer a base de cálculo do valor a ser arrecadado e a destinação do recurso, fere também o princípio da legalidade tributária (Ag.Senado). Nelson Carneiro tem o nome aprovado para o Livro de Heróis da PátriaA Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou a inclusão do nome de Nelson de Souza Carneiro no Livro dos Heróis da Pátria. O livro fica no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na praça dos Três Poderes, em Brasília. O projeto aprovado segue para o Senado. O texto aprovado da deputada Maria Helena (PSB-RR), afirma que “a trajetória política de Nelson Carneiro, suas lutas em prol da afirmação dos direitos das mulheres, sua fundamental contribuição para a instituição do divórcio no País, seu engajamento na defesa das garantias sociais e sua integridade cívica e pessoal são argumentos inquestionáveis para fundamentar a inscrição de seu nome no Livro dos Heróis da Pátria”. Nascido na cidade de Salvador, em 8 de abril de 1910, e tendo falecido em Niterói, no Rio de Janeiro, em 6 de fevereiro de 1996, Nelson de Souza Carneiro era filho de Antônio Joaquim de Souza Carneiro – primeiro especialista a reconhecer a existência de petróleo em Lobato, bairro de Salvador, nacionalmente conhecido como local onde foi descoberto o primeiro poço de petróleo brasileiro na década de 1940 – e é pai da deputada federal Laura Carneiro (DEM-RJ). Começou a vida pública em 1929, como repórter em O Jornal e formou-se em Direito na Universidade Federal da Bahia. Deputado federal pela Bahia, pelo Distrito Federal e pelo antigo estado da Guanabara (atual Rio de Janeiro), Nelson de Souza Carneiro foi também senador por três mandatos, chegando a presidir o Senado Federal entre 1989 e 1991. Entre as contribuições como político, Carneiro foi autor da Emenda Constitucional 9/77, que, regulamentada pela Lei 6.515/77, instituiu o divórcio – rompimento legal e definitivo do vínculo de casamento civil – no Brasil (Ag.Câmara). |