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Remédio comum pode salvar da morte vítimas de escorpiões

em Especial
segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016
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Remédio comum pode salvar da morte vítimas de escorpiões

Picadas de escorpião são a maior causa de acidentes com animais peçonhentos no Brasil, segundo o Ministério da Saúde

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Rosemeire Soares Talamone/Agência USP de Notícias

Em Ribeirão Preto foram 261 vítimas em 2015, sem nenhuma morte, segundo a Secretaria da Saúde. As vítimas dessas picadas apresentam reação local ou sistêmica, que pode evoluir para edema pulmonar, com chance de levar à morte, principalmente, crianças e idosos.

Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto desvendaram o mecanismo que leva ao edema pulmonar e sua relação com os mediadores lipídicos (substâncias produzidas pelo sistema imunológico ante o ataque de um corpo estranho) e com a interleucina 1ß (IL-1ß). A descoberta levou o grupo a tratar o edema pulmonar com anti-inflamatório comum, existente no mercado, e salvar 100% dos animais inoculados por escorpião. Esses resultados abrem caminho para salvar a vida de cerca de três mil pessoas que morrem envenenadas por escorpião por ano ao redor mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os antagonistas do processo
Ao identificar que dois mediadores lipídicos, as prostaglandinas e os leucotrienos, são responsáveis pela regulação da ativação do inflamassoma, estrutura essencial para a ativação da resposta inflamatória, os pesquisadores também descobriram que esses mediadores têm papéis antagônicos na regulação dessa inflamação.

Karina F. Zoccal, Lucia Helena Faccioli e Carlos A. Sorgi.“Enquanto a prostaglandina E2 (PGE2) aumenta a produção da IL-1ß [molécula formada pela ativação do inflamassoma], o leucotrieno B4 [LTB4] diminui a produção dessa molécula”, na verdade, buscando equilíbrio no sistema de defesa. É o que revela a professora Lucia Helena Faccioli, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto e orientadora do estudo.

Com essas informações, os pesquisadores identificaram também que no envenenamento por escorpião se não acontecer a regulação da ativação do inflamassoma pelo LTB4, há um aumento exagerado de PGE2 e de IL-1ß. “Quando isso ficou claro, começamos a tratar os animais com um anti-inflamatório comum, já existente no mercado, que inibe a produção de prostaglandinas. Com isso conseguimos reduzir o edema pulmonar e 100% dos animais sobreviveram”, diz Karina F. Zoccal, aluna de pós-doutorado da FCFRP e principal autora do estudo publicado.

Outro aspecto interessante encontrado nos estudos, diz a professora Lucia, é que a ciência conhecia o LTB4 como uma molécula inflamatória, mas nossos resultados indicam que este lipídeo também tem um papel anti-inflamatório. “Esses resultados também abrem caminhos para estudos de outras doenças provocadas pela inflamação”.

No rastro dos mediadores lipídicos
Parece óbvio e simples, mas para chegar a esses resultados, o laboratório coordenado pela professora Lucia estuda há anos mediadores lipídicos, em especial as prostaglandinas e os leucotrienos. “A comunidade científica já sabia que o envenenamento por picada de escorpião causa edema pulmonar, mas o mecanismo que leva ao edema era desconhecido, assim como a relação com os mediadores e a ativação do inflamassoma”.

Cientistas desvendaram o mecanismo que leva ao edema pulmonar.Durante anos, a equipe realizou estudos in vitro e, ao obter resposta positiva para a hipótese do envolvimento dos mediadores, passou à investigação em modelos animais, o que levou os pesquisadores, na opinião da professora, a uma resposta mais próxima do que podem encontrar em humanos. “Foi no modelo animal que conseguimos concluir a eficácia do uso de anti-inflamatórios”.
Criaram, então, um protocolo para tratar os animais. Usaram camundongos, que recebiam o anti-inflamatório e ao mesmo tempo o veneno. Nesse primeiro protocolo, 100% dos camundongos sobreviveram. Num segundo momento dos experimentos, inocularam o veneno entre 15 minutos e meia hora depois, foram tratados com o anti-inflamatório. Desse grupo de animais, entre 70% a 80% sobreviveram. “Isso mostra que o tratamento é efetivo mesmo quando dado terapeuticamente”, avalia Lucia.

A professora acredita que os testes em humanos devem começar nos próximos meses, assim que o projeto for aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital das Clínicas da FMRP/USP, onde já foi protocolado em dezembro último. Lembra ainda que, mesmo com o uso do anti-inflamatório, o soro antiescorpiônico continuará sendo administrado, pois além de ser o protocolo estabelecido para esse tratamento, o veneno do escorpião desencadeia outros eventos no organismo, que dependem do soro. “A nossa ideia é inibir o edema pulmonar até que o soro seja aplicado”.

O estado de São Paulo é considerado região endêmica de escorpião, causada principalmente pelas condições climáticas, de saneamento e pelo desmatamento. “A espécie mais comum no Brasil é o escorpião amarelo o Tityus serrulatus, extremamente venenoso, e com esses resultados, abrimos caminho para salvar vidas”, comemora a professora.

Trombose é responsável pelo óbito de uma em cada quatro pessoas no mundo

02cid3f2 800x533jpg 100 temproarioUma pesquisa realizada pela International Society on Thrombosis and Haemostasis (ISTH) em parceria com a Bayer, mostrou que a trombose venosa profunda mata uma em cada quatro pessoas no mundo. O resultado serve de alerta para a população, especialmente para quem fica longos períodos sem se locomover, fator que pode levar ao desenvolvimento de problemas na coagulação sanguínea.

A trombose venosa profunda é uma doença vascular que se caracteriza pela formação de um coágulo (trombo) em uma ou mais veias na parte inferior do corpo, impedindo que a circulação flua de maneira correta, o que pode causar sensação de queimação, dor e inchaço na região afetada. A conscientização sobre os riscos de desenvolver a doença se mostra mais necessária ao constatar que, segundo o Ministério da Saúde, mais de 40% da população brasileira não conhece os sintomas.

Para quem trabalha sentado por muito tempo, movimentar-se mais é essencial. Atividades simples como levantar para pegar uma água, esticar as pernas, ir até a mesa do colega de trabalho, substituir o elevador pelas escadas e andar por alguns minutos no horário do almoço são pequenos hábitos que ajudam na prevenção contra a trombose. A adesão a essas atividades pode ajudar a prevenir a doença que causa uma morte a cada 37 segundos, segundo aponta a ISTH.

Como identificar a trombose? – Além de longos períodos sem movimentar-se, outros fatores como histórico familiar, insuficiência cardíaca e obesidade podem representar um alerta para o surgimento da doença. E as grávidas devem ficar atentas.

“As gestantes possuem seis vezes mais chances de apresentar complicações trombóticas do que as demais mulheres. É preciso atentar para o excesso de peso e as alterações hormonais, que representa alguns dos principais causadores de varizes, que também favorecem tromboflebites que podem evoluir para uma trombose venosa profunda. Todas as faixas etárias precisam ficar atentas, mas as mulheres em fase gestacional requerem cuidados especiais”, explica a Dra. Joyce Annichino-Bizzacchi, hematologista da FCM Unicamp.

Como a maioria dos pacientes não detecta o problema em sua fase inicial, a recomendação é sempre procurar um especialista ao perceber anormalidades, e para aqueles que já tiveram algum caso na família de pessoas com trombose, fazer um acompanhamento é indispensável.

Tratamento – Após diagnosticado por um especialista, o tratamento deve ser realizado com o acompanhamento do médico e a utilização de anticoagulantes para evitar a formação de novos trombos nos vasos sanguíneos e deter o crescimento dos já existentes. Esse procedimento dura normalmente de três a seis meses, dependendo da localização, além da evolução do tratamento.

“Durante esse período, alguns tratamentos exigem que sejam feitos exames de sangue regularmente, para avaliar se o tratamento está adequado e evitar intercorrências”, completa a especialista. As meias de compressão também contribuem para melhorar os sintomas do membro afetado, e nos casos mais graves, a dissolução dos trombos com um medicamento ou uma cirurgia são a opção recomendada.

Fonte e mais informações: (www.bayer.com).