‘Pet-terapia’: Como animais e tecnologia combatem doença
A convivência com animais de estimação traz benefícios incontestáveis. Recentemente, porém, os pets têm ajudado os seres humanos de outra maneira: no tratamento de doenças
“A pet terapia é um método que utiliza um animal específico como mediador no processo terapêutico. Por exemplo, a terapia assistida com cães, onde o profissional e o animal atuam diretamente na afetividade e nas situações relacionais e conflitivas do paciente”. Foto: GaúchaZH
Chamada de Terapia Assistida por Animais (TAA), ou “pet terapia” e “zooterapia”, a prática consiste em reeducação física, social, sensorial e psíquica com o auxílio de bichos e já é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO).
“A pet terapia é um método que utiliza um animal específico como mediador no processo terapêutico. Por exemplo, a terapia assistida com cães, onde o profissional e o animal atuam diretamente na afetividade e nas situações relacionais e conflitivas do paciente”, explicou a responsável pela clínica Gati Equoterapia, Liana Santos.
Liana Equoterapia/Divulgação
“A equoterapia usa o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de equitação, saúde e educação, buscando o desenvolvimento motor e psicológico de pessoas portadoras de necessidades especiais”, explicou a especialista. O tratamento com animais possui um programa a ser seguido e é acompanhado por um terapeuta, que pode ser um fisioterapeuta especializado, um fonoaudiólogo ou outro profissional da área, para orientar os exercícios.
“Na equoterapia, o cavalo é utilizado como auxiliar por três motivos: cultural – porque está ligado à força, poder, autoestima e tem toda uma relação social; psicológico – pelo fato de que, quando o praticante [paciente] anda a cavalo, ele consegue controlar um animal com peso superior ao seu; e biomecânica – por ser uma fisioterapia”, explicou Santos.
“Na equoterapia, o cavalo é utilizado como auxiliar por três motivos: cultural, psicológico e biomecânico”. Foto: Mundo Adaptado
Geralmente, o tratamento com animais exige a participação do corpo inteiro, o que promove o desenvolvimento da força muscular, conscientização dos músculos, além do aperfeiçoamento da coordenação motora e do equilíbrio do portador de deficiência. Os bichos também servem para estimular a atividade cerebral, a liberação de hormônios e até mesmo diminuir a pressão arterial.
“O animal funciona como um resgate da natureza, de ajudar o outro. A criança se projeta no animal. E isso é valorizar o carinho, a parte responsável, o alimentar, trabalhar a sequência, como colocar e tirar a roupa”, complementou Santos.
A tecnologia assistiva está ganhando mais reconhecimento e é tida como uma das principais áreas para a aplicação da inteligência artificial. Atualmente, é possível programar equipamentos eletrônicos para ajudar as pessoas com necessidades especiais, além de usar aplicativos baixados em tablets e celulares.
Neste ano, algumas novidades tecnológicas do setor serão apresentadas na Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade (Reatech), que ocorre entre os dias 13 e 16 de junho, em São Paulo. O evento é organizado e promovido pela Cipa Fiera Milano. Durante a Reatech, a Gati Equoterapia apresentará “pranchas de comunicação para estimular a linguagem a partir do trabalho da terapia assistiva por animais”.
O sistema é feito para tablets e smartphones e permite a inclusão de símbolos, vozes e sons personalizados, que podem ser até os ruídos dos animais. A partir disso, os praticantes usam a tecnologia enquanto têm o contato com os bichos. Segundo Santos, o apar elho pode ser utilizado no tratamento com cavalos ou com outros animais – cachorros, aves de bico curto, répteis, jabutis e roedores de modo geral – e é destinado a uma criança que não fala ou que tem algum problema de comunicação.
“A gente trabalha a tecnologia assistiva junto com os animais. As crianças reconhecem os emojis, e assim você faz uma fusão. Tem muito menino que não sabe amarrar um sapato, mas é ótimo com computador, com vídeo game”, finalizou Santos. Além das pranchas, existem outras facilidades tecnológicas que podem ajudar a pet terapia, como o colete de cão guia, no qual é possível colocar emojis e letras para ajudar na alfabetização, linguagem e otimizar a comunicação.
Os pets têm ajudado os seres humanos no tratamento de doenças. Foto: portalmelhoresamigos/reprodução
Outras novidades serão reveladas pela autora do livro “Lagarta Vira Pupa”, Andrea Werner, durante um “Curso PET” no evento, no qual ela compartilhará suas experiências com atividades práticas. A startup mineira Geraes Tecnologia Assistiva, por sua vez, mostrará um recurso inovador, batizado de TiX, que dá autonomia para pessoas com qualquer limitação motora controlarem computadores. O aparelho oferece as mesmas funções de um teclado e mouse, podendo ser acionado até pelo piscar dos olhos (ANSA).