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Organizar as finanças no próximo ano pode ser promessa da virada

em Especial
sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Muitas pessoas aproveitam o fim de ano para elaborar listas de promessas a serem cumpridas nos próximos 12 meses para melhorar de vida

Kelly Oliveira/Agência Brasil

Nestas relações entram dietas e a prática de exercícios físicos, mas também uma organização mais eficiente das finanças pessoais para sair do vermelho no ano que está por vir.

Em sites de instituições públicas e privadas e em redes sociais há muitas ferramentas, cursos e dicas para organizar o orçamento familiar. O planejamento financeiro é o primeiro passo para colocar as contas em dia, como explica o economista e professor licenciado da Universidade de Brasília (UnB), Newton Marques. “É colocar no papel tudo o que ganha no mês e o que gasta. Depois, tem que separar o que é dispensável, supérfluo, do que é indispensável”, disse.

O planejamento financeiro é o primeiro passo para colocar as contas em dia. Foto: KelmaCred/Reprdução

Ele acrescentou que o ideal é projetar quanto se terá de renda ao longo do ano. “Se os gastos são maiores que a renda, tem começar a cortar o que não é indispensável. Tem que ter TV a cabo, gastar com celular, cada um ter um carro? Isso é supérfluo. Se não tem onde cortar, é o mesmo que dizer que vai tomar dinheiro emprestado e pagar juros”, disse.

O economista também explicou que é importante fazer uma reserva para emergência e para realizar sonhos, como trocar de carro, comprar uma casa ou realizar uma viagem. É preciso haver uma mudança de comportamento dos brasileiros em relação às próprias finanças, evitando o imediatismo.

“É como parar de fumar, de beber, deixar de ser sedentário, cuidar da saúde, cuidar do relacionamento familiar. Isso tudo é uma mudança de comportamento. O pior é que problemas com as finanças levam a um desgaste muito grande da saúde, psicológico e isso vai afetar a família”, disse.

Apesar de saber que é difícil conversar com a família sobre as finanças, Marques orienta romper essa barreira. “As pessoas acham que problema de dinheiro tem que empurrar com a barriga. Isso é cultural. Em outros países, isso é levado a sério, mas, aqui no Brasil, não. Talvez por conta o período da hiperinflação muito recentemente. Tem só 25 anos que controlamos a inflação”, disse.

Ele citou como exemplo os japoneses que evitam o consumo e poupam mesmo com juros negativos. “No Japão, se falar para gastar eles pegam o dinheiro e poupam. Mas aí alguém pode dizer: mas eles chegaram em um ponto que atenderam as necessidades mínimas. Tudo bem, mas uma família tem condições de fazer além do que pode? Como trocar de celular toda hora, televisão, carro?”, argumentou.

Uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil e pela CNDL nas 27 capitais do Brasil mostrou que 33% dos brasileiros tinham intenção de presentear no Natal, mesmo com contas em atraso, entre as quais, 66% com restrição em seus CPF. Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o consumo exagerado e descontrolado pode fazer com que o consumidor enfrente problemas no próximo ano.

“É importante lembrar que muitas famílias se encontram em aperto financeiro, além de, em alguns casos, carregar dívidas do Natal do ano passado. O recomendável é não se deixar levar pelas emoções, e planejar as despesas de acordo com o orçamento, sempre priorizando a quitação de contas. Fazer uma lista prévia do que se deseja e pesquisar preços são as atitudes mais indicadas para não extrapolar as finanças”, orienta Marcela.

Entre os sites com dicas para organizar as finanças, está o do Banco Central. Na página “cidadania financeira”, é possível escolher entre três perfis: Quero me planejar; Estou endividado; Quero aprender a poupar e investir. Após escolher o perfil, o cidadão é direcionado para conteúdos específicos.

No caso dos endividados, por exemplo, a primeira dica é listar todas as dívidas e fazer um orçamento, com corte de gastos. Além disso, a orientação é buscar renda extra, renegociar com credores e não fazer novas dívidas.

“Se já estiver excessivamente endividado, não fique parado. Quanto mais tempo, pior a dívida irá ficar, devido a diversos fatores, como juros e multas. Procurando onde seus gastos podem diminuir? Lembre-se de eliminar por completo os desperdícios, reduzir os supérfluos e otimizar a despesa com os produtos necessários. Tenha calma! Para tudo há solução”, diz o site.

O BC orienta ainda que toda a família se envolva na solução do endividamento. “É importante que toda a movimentação de recursos, incluindo todos os investimentos, receitas e despesas, esteja organizada. Isso requer participação e comprometimento de cada membro da família, considerando os diferentes perfis de comportamento financeiro de seus integrantes”.

Tecnologias para ganhar dinheiro em 2020

Foto: Sputnik News

Novas soluções possibilitam diversificação do portfólio em momento de juros baixos e crise econômica e podem resolver a vida financeira em 2020.

Durante mais de duas décadas desde o início do Plano Real, em 1994, o brasileiro conviveu com o conforto de aplicações simultaneamente rentáveis, líquidas e seguras. No entanto, o cenário para as finanças mudou completamente e a tecnologia também. De outubro de 2016 até hoje, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa Selic 15 vezes e agora o país convive com juros de 5% ao ano. “Em investimentos, rentabilidade, liquidez e segurança são conceitos mutuamente excludentes. Os juros elevados por tanto tempo criaram uma distorção, que agora começa a ser corrigida e requer mudança de hábitos”, diz o estrategista chefe da Levante Ideias de Investimento, Rafael Bevilacqua.

A mudança de cenário faz o brasileiro começar a mudar sua relação quanto a investimentos e reserva de valor e as tecnologias estão aí para facilitar a vida. Através de novas soluções, é possível montar uma carteira diversificada, com ativos que têm performado acima da média neste cenário adverso.

Conheça algumas plataformas de investimento para começar 2020 com mais dinheiro:

Robô Score
Desenvolvido pela SABE Invest, a inteligência artificial seleciona as ações da Bolsa com maior probabilidade de valorização, com base em análise fundamentalista e um banco de dados de mais de 120 mil demonstrativos financeiros. A estratégia tem funcionado. A carteira SABE obteve rentabilidade de 722%, superior ao Ibovespa em 607 pontos percentuais no longo prazo (dezembro de 2014 a outubro de 2019), período marcado por queda dos juros e forte volatilidade do índice de ações.
“Com as informações de fechamento do pregão diário, após o “aftermarket”, selecionamos as ações de companhias que alcançaram as maiores altas, as maiores baixas e que foram mais negociadas no mercado à vista. Calculamos, para cada companhia, com suporte de Inteligência Artificial, vários indicadores de balanço e de mercado, que permitem obter um score ranqueado para seleção das melhores e piores companhias para investir”, explica o CEO da SABE Invest, Luiz Guilherme Dias.

Robô garimpeiro
A Hurst Capital também desenvolveu um robô para investimentos, mas focado em ativos reais. A inteligência artificial busca oportunidades em precatórios, dívidas reconhecidas, líquidas e certas de governos municipais, estaduais e federal que podem oferecer rendimentos de 20% ao ano.

Os algoritmos vasculham os sites dos tribunais de justiça, diários oficiais e processos judiciais que contenham precatórios, a fim de selecionar aqueles que preencham as características consideradas ótimas para aquisição. “Os robôs de investimentos, que contam com capacidade de processar informações numa dimensão sobre-humana, diminuíram exponencialmente os custos de transação inerentes à pesquisa, análise e avaliação de riscos e retornos de ativos raros ou pouco visíveis, como é o caso dos precatórios”, explica o CEO da Hurst, Arthur Farache. Qualquer pessoa consegue investir em precatórios, pela plataforma da Hurst, com R$ 10 mil.

Renda Fixa acima do CDI
O app Renda Fixa permite que o investidor filtre, entre mais de 24 mil fundos, aqueles que apresentam rendimentos superiores a diversos benchmarks, como o tradicional CDI. É o caso dos RDBs (Recibo de Depósito Bancário), que são títulos privados emitidos por bancos para financiar operações de crédito, e das LCs (Letras de Câmbio), emitidas por instituições financeiras, com lastro em operações cambiais. Conforme pesquisa realizada no próprio app Renda FIxa, atualmente é possível encontrar RDBs e LCs com rentabilidade líquida superior a 30% (descontando taxas e imposto de renda), de acordo com o prazo de vencimento da aplicação. Quanto maior o tempo em que o dinheiro ficar aplicado, maior o retorno, portanto.

Dólar em criptomoeda
Para quem deseja manter parte de seu patrimônio vinculado à variação do dólar, mas não quer precisar comprar a moeda para isso, uma alternativa é usar a tecnologia da GoMoney, empresa responsável pelo lançamento da primeira criptomoeda lastreada em dólar, o GMC (GoMoney Coin).

Com a paridade 1 GMC = US$ 1, este ativo se torna bem menos volátil que as criptomoedas sem lastro do mercado – o dólar, aliás, encontra-se em seu maior patamar da história. “O GMC pode ser convertido em qualquer outra moeda (euro, iene, real etc.) pela cotação do dia ou mantido como ativo que flutua seguindo a moeda americana”, explica Osman Velazquez, Co-CEO & CFO da GoMoney. Desta forma, a criptomoeda pode ser utilizada em viagens ao exterior e transferências de recursos.

Aluguel em dólar
Investir em um imóvel para alugá-lo em aplicativos como o Airbnb, em dólar, garante uma renda rendimentos vitalícios na mais forte e segura moeda do mundo. O investidor consegue driblar o câmbio elevado adquirindo imóvel com deságio de até 35% em leilão, segundo explica Ricardo Molina, autor do livro Como Ganhar Dinheiro com Vacation Homes e CEO da Talent Realty.

De acordo com Molina, o rendimento proporcionado pelo aluguel de casas nos Estados Unidos pode chegar a 12% ao ano, ganho que permite quitar totalmente o imóvel em pouco tempo. Os apartamentos de maior demanda por investidores brasileiros são justamente aqueles localizados em cidades turísticas de alta procura por turistas, como a Flórida. Segundo dados da National Association of Realtors (Nars), os brasileiros investiram mais de US$ 2 bilhões em imóveis na região, no ano passado.