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Ferrovia do Corcovado comemora 135 anos com quarta geração de trens

em Especial
quarta-feira, 09 de outubro de 2019

Depois de 40 anos, começou a operar ontem (9) no Rio de Janeiro a quarta geração de trens que atravessa a Estrada de Ferro do Corcovado, levando cariocas e visitantes ao ponto turístico mais famoso do Brasil: o Cristo Redentor. Pioneira em diversos momentos da história ferroviária brasileira, a linha inaugurada pelo imperador Pedro II comemorou 135 anos ontem, duplicando sua capacidade de passageiros por hora, que chegará a 600.

Trem do Corcovado ganha novas composições com teto panorâmico. Foto: Tomaz Silva/ABr

Os trens foram adquiridos com investimentos de cerca de R$ 200 milhões da concessionária Trem do Corcovado, que comprou as composições da empresa suíça Stadler Rail. O país europeu fabricou todas as quatro gerações que operaram na estrada de ferro, já que é detentor da tecnologia de trens de montanha utilizada em estações de esqui nos Alpes.

Segundo o presidente da concessionária, Sávio Neves, os novos trens foram produzidos sob medida para os 3,8 mil metros da Estrada de Ferro, “como se fosse o terno em um alfaiate”. “Esse trem incorpora toda a tecnologia da engenharia ferroviária dos últimos 40 anos, então, ele é mais econômico. Tem 75% de economia em energia elétrica, é mais confortável e espaçoso”.

A ferrovia contribuiu na construção do Cristo Redentor, entre 1922 e 1931. Foto: Reprodução

A primeira geração de trens do Corcovado, inaugurada em 1884, foi a primeira estrada de ferro turística do Brasil. Já a segunda geração, que começou a operar em 1910, foi o primeiro serviço de trens elétricos do país e contribuiu na construção do Cristo Redentor, entre 1922 e 1931. A terceira geração, que começou a operar em 1979, chegou a transportar uma média 800 mil passageiros por ano nos últimos anos. Em dias de pico, os trens chegam a transportar 7 mil pessoas para o Corcovado.

Apesar do aumento da velocidade máxima, as composições vão continuar a fazer o passeio em 20 minutos, para manter “o ar bucólico” da subida em meio à Mata Atlântica do Parque Nacional da Tijuca. O aumento da capacidade também não significa que haverá duas vezes mais lotação no Cristo Redentor, diz Sávio Neves.

“Vamos conseguir dobrar a capacidade de transporte, mas não quer dizer que teremos o dobro de passageiros. As filas vão diminuir.” De acordo com Neves, dos 365 dias do ano, 60 têm movimento: carnaval, Semana Santa, réveillon. “Os outros são muito tranquilos. Nesses 60 dias, com essa capacidade maior, vamos ter mais conforto para oferecer.”

Trem do Corcovado ganha novas composições com teto panorâmico. Foto: Tomaz Silva/ABr

Os novos trens terão espaço para transportar bicicletas, o que a concessionária espera que seja um estímulo para que cariocas utilizem o serviço para subir e pedalar no alto da Floresta da Tijuca. As composições também devem ser mais acessíveis, já que foram concebidas com espaço para cadeiras de rodas. As anteriores também tinham esse espaço, mas ele era adaptado.

As negociações para a compra começaram há 12 anos, e atravessaram momentos de euforia com a visibilidade trazida pelos grandes eventos sediados pelo Rio, e de frustração, com a crise que se abateu sobre o estado nos últimos anos. Sávio Neves avalia que os trens comprados foram um investimento de longo prazo, para os próximos 50 anos.
“Essa estrada de ferro está fazendo 135 anos. A gente não está pensando em curto prazo, ou em um problema pontual de cinco ou 10 anos. Esse trem que está se aposentando agora durou 40 anos. É um ciclo de vida” Para Neves, a nova tecnologia vai ter vida útil de pelo menos 50 anos.

Quem esteve no Corcovado ontem pôde usar os novos trens em operação de teste. A autônoma Antonia Luiza, de 40 anos, que foi pela primeira vez ao Cristo, aprovou o serviço. “Só estou com um pouco de medo, porque tenho pavor de altura. Mas é muito confortável”, disse a turista maranhense, que lamentou o dia completamente nublado, em que até mesmo a estátua do Cristo estava encoberta. “Vim aqui para olhar, mas pelo jeito, não vou ver nada” (ABr)