Enquanto muitos buscam a chance de uma vida melhor em outros países, nos últimos anos, tem crescido o número de brasileiros que decidem voltar para suas origens. Dados do portal da Organização Internacional para as Migrações (IOM), coordenadora e secretariado da Rede da ONU para Migração, revelam que, em 2018, 810 pessoas retornaram para o Brasil, por meio do programa de Apoio ao Retorno Voluntário e à Reintegração (AVRR, na sigla em inglês).
Em 2019, foram 815 registros e, em 2020, foram 1.249 retornados, um crescimento de 53,25%. Segundo o consultor Tadeu Ferreira, diretor geral da Aprimorha, esse movimento foi sentido também entre profissionais com carreira internacional. Entre seus clientes, 38 buscaram ajuda para fazer a transição nos últimos dois anos, sendo que apenas dois ainda estão em processo de transferência.
“Essa demanda foi 100% maior quando comparada a igual período anterior”, acrescenta. Para ele, entre os fatores que motivam a mudança estão questões familiares. “São pessoas que já têm os pais com uma idade avançada, por exemplo, conforme pesquisa interna que realizamos com os clientes”, comenta. Quanto ao perfil desses profissionais que voltam ao Brasil, o nível de carreira, geralmente, é executivo. “São gerentes, gerentes seniores e diretores.
Essas pessoas ainda buscam se instalar aqui, normalmente, perto da geografia que já moraram ou onde a família está. Em quase 90% dos casos, esse retorno é definitivo ou pelo menos por um período longo”, revela Ferreira. A pandemia e a saudade da família foram os motivos que trouxeram o casal Felipe e Juliana Pivatto de volta para o Brasil, depois de quase três anos morando em Novai, cidade em Michigan, nos Estados Unidos.
“Fomos em 2017, porque recebi uma proposta de expatriação e meu marido me acompanhou. A ideia era voltar em setembro deste ano, mas tivemos um filho lá, no início de 2020, e sem uma rede de apoio, com escolas fechadas, tudo ficou mais difícil”, conta Juliana, que atuava como account manager de uma multinacional do segmento automotivo. Para a transição e recolocação no mercado de trabalho brasileiro, eles buscaram os serviços da Aprimorha.
“A gente precisava atualizar currículo, LinkedIn e se preparar para entrevistas. O Felipe conseguiu se recolocar rapidamente, em menos de um mês, como gerente de suply chain de uma empresa de alimentos, e retornamos para São Paulo em julho. Para mim, a etapa de simulação de entrevista foi muito importante, principalmente para traçar uma linha do tempo da minha carreira. Em novembro, consegui me recolocar como business development manager de uma indústria automotiva”, conta Juliana.
Segundo Ferreira, o mercado de trabalho brasileiro consegue absorver facilmente o profissional com carreira no exterior. “Normalmente, ele possui uma empregabilidade um pouco mais latente de intensidade de oportunidades, pois tem na bagagem uma vivência internacional, trânsito com executivos fora do Brasil e um conhecimento cultural maior”, explica.
No entanto, o especialista alerta que é fundamental que se tenha uma expectativa correta sobre o salário no Brasil, sem compará-lo ao que ganhava em euro ou dólar, por exemplo. “Dentro do nosso programa de recolocação, avaliamos a empregabilidade do profissional aqui, o cargo ocupado lá fora e a equivalência dele no País, qual o tipo de vaga buscar, entre outras referências, para que ele consiga um emprego e um salário compatíveis”.
Fonte e outras informações: (www.aprimorha.com.br).