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A força destrutiva da seca

em Especial
quarta-feira, 14 de setembro de 2016
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A força destrutiva da seca

O papel da seca na queda da antiga civilização maia destaca a necessidade vital hoje para a gestão da água no combate aos impactos das mudanças climáticas

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O fornecimento de água determina quanta comida está disponível, de modo que por sua vez afeta o crescimento das populações.

Tim Radford (*)

A civilização maia no que é hoje o México morreram mais de mil anos atrás, não apenas por causa da seca, mas talvez por causa da dependência exagerada da água nos reservatórios .

A história da ascensão e queda de civilizações antigas tem ressonância para hoje. E pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Viena, na Áustria, que modelaram o que eles calculam deve ter sido o padrão de eventos, confirmaram, mais uma vez, que a seca prolongada, provavelmente, trouxe uma cultura e um povo a entrar em colapso.

Mas, advertem: a história não é simples. Os maias, de certa forma, podem ter sido vítimas de seu sucesso no enfrentamento à seca. A sua própria tecnologia de irrigação os pode ter feito mais vulneráveis em um momento de crescimento da população e de seca prolongada. “A sociedade ao receber influências da água, influencia a água”, diz Linda Kuil, uma sóciohidróloga do Centro de Sistemas de Recursos Hídricos em Viena e principal autora de um estudo publicado na revista Water Resources Research.

Resposta à seca
“O fornecimento de água determina quanta comida está disponível, de modo que por sua vez afeta o crescimento das populações. Por outro lado, o aumento da população pode interferir com o ciclo natural da água, por exemplo, através da construção de reservatórios”.

Ela e seus colegas estabelecidos para modelar não apenas chuvas, mas o padrão de resposta de uma sociedade à precipitação e à seca. Eles não foram os primeiros a fazê-lo. Seca e as mudanças climáticas têm sido associadas ao colapso do império assírio 2.700 anos atrás, e ao desastre que se abateu sobre os governantes da Idade do Bronze do Mediterrâneo oriental.

Ter713Brasil1 temporarioMudanças climáticas têm sido associadas à tomada do império chinês e ao avanço das hordas mongóis no Século XIII.

E a mudança climática também tem sido implicada no conflito moderno. Mas, civilizações europeias e asiáticas caíram deixaram testemunhos na forma de registros escritos ou mitologia duradouro. Os maias deixaram apenas suas estruturas de pedra em Yucatan no México como prova de que tinha sido aqui.

A água na torneira
Os pesquisadores de Viena pensar que o povo maia lidou com a seca através da construção de reservatórios para ajudá-los ao longo da crise. Populações poderiam ser esperados a diminuir em uma seca, mas continuaria a crescer se a água foi na torneira. Paradoxalmente, isso pode introduzir vulnerabilidade: se a população cresce, mas o sistema de gestão da água permanece o mesmo, então um período de seca prolongada poderia ser devastador.

E isso, os pesquisadores acreditam, poderia ser suficiente para explicar o declínio. O seu próprio modelo oferece o que eles chamaram de “feedbacks plausíveis” entre a sociedade e os recursos hídricos que se acredita estar a gerir, para mostrar que uma redução modesta das chuvas pode levar a um colapso da população de 80%.

“Quando se trata de recursos escassos, as soluções mais simples podem vir a ser superficiais e nem sempre as melhores”, diz Kuil. “Você tem que mudar o comportamento das pessoas, reavaliar a dependência da sociedade sobre este recurso e reduzir o consumo, caso contrário, a sociedade pode, de fato, ser mais vulnerável a catástrofes em vez de mais segura, apesar destas soluções técnicas inteligentes”(#Envolverde).

(*) – É jornalista, co-fundador da Climate News Network. Publicado originalmente na edição 237 da Eco21.

Água para as futuras gerações

n-LIXO-MAR-large570 temporarioNesta segunda-feira (19), é comemorado o Dia Mundial pela Limpeza da Água. Mas há poucos motivos para comemorar. O mundo tem 4,5 bilhões de anos. E é exatamente a mesma água que banha o planeta desde sempre.

Pode ser estranho pensar que bebemos a água dos tempos pré-históricos. Mas é isso mesmo o que acontece. “A água é um recurso renovável, infinito. Ela se transforma – passa de líquida a gasosa, sólida e volta a ser líquida e segue seu ciclo”, diz o engenheiro Fernando Pereira, gerente comercial da General Water, uma concessionária particular de água e esgoto que implanta e opera, com recursos próprios, sistemas de abastecimento de água e tratamento e reúso de efluentes

Se for assim, porque em alguns lugares há falta de água? “Porque ao se utilizar a água, ela pode se tornar indisponível durante um grande período. Ela pode estar suja, poluída, ou sob outra forma, gasosa, por exemplo, e vai ter que vir para a forma líquida para se tornar disponível novamente”, explica Pereira. O esgoto, por exemplo, é 99,9% água. Então só uma parte é sujeira. No entanto, se ninguém tratar o esgoto, esta água ficará indisponível. Portanto, reúso da água é a alternativa mais sustentável para deixar este recurso disponível.

water6 temporarioMas no Brasil, menos de 5% do esgoto tratado é reaproveitado. Em Israel, esse número chega a mais de 80%, deixando o país em primeiro lugar no ranking de reúso do recurso. Um grande desafio para nós. Por isso, empresas como a General Water pensam em estratégias e tecnologias para promover sustentabilidade hídrica no dia a dia. A limitação de recursos naturais como a água potável, interferirá ainda mais nas atividades da sociedade. E sentimos na pele. Em São Paulo, a crise hídrica de 2014 e 2015 deixou uma marca. O nível dos reservatórios diminuiu, trazendo o fantasma da torneira seca e medidas de racionamento em diversos bairros.

Até 2050, a Unesco estima que cerca de 60% da população mundial sofrerá com estresse hídrico. Neste cenário, o reúso é uma solução para o desenvolvimento sustentável. E exemplos não faltam. No Shopping Iguatemi Campinas, a General Water implantou o sistema próprio de abastecimento, tratamento de efluentes e reúso. A água reutilizada é distribuída para fins não potáveis (descargas dos vasos sanitários e irrigação, por exemplo), também seguindo para as torres de refrigeração do prédio. Com isso, houve otimização do sistema de climatização.

Ao garantir autonomia da concessionária pública, a água que iria para o complexo comercial pode, então, ser destinada à população do entorno. Em 2012, este projeto levou o prêmio Ação Pela Água, conhecido como o ‘Oscar das Águas’, por conta da tecnologia que, além de diminuir o uso de recursos e os impactos ambientais. Fonte e mais informações (www.generalwater.com.br).