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7 de abril – Dia Mundial da Saúde: Um em cada 11 adultos no mundo tem diabetes

em Especial
quarta-feira, 06 de abril de 2016
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7 de abril – Dia Mundial da Saúde: Um em cada 11 adultos no mundo tem diabetes

O Dia Mundial da Saúde é celebrado todo 7 de abril, e neste ano, o tema escolhido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conscientização da população é “Vencer a Diabetes”. Isso porque a doença está avançando muito em países de média e baixa renda

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De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (sigla IDF em inglês), até o ano passado, cerca de 415 milhões de pessoas foram diagnosticadas como diabéticas, o que significa que um em cada 11 adultos no mundo tem a doença. Além disso, um a cada sete partos é afetado por diabetes gestacional. A expectativa é que, em 2040, 642 milhões de pessoas sejam diagnosticadas. No Brasil, os casos de pessoas com a doença aumentaram 40% desde 2012, segundo o Ministério da Saúde.

“A incidência de diabetes está maior a cada ano porque ela está diretamente ligada ao crescimento da obesidade no mundo, bem como ao sedentarismo e ao envelhecimento da população. Os indivíduos mais afetados são os idosos, os obesos, e aqueles com histórico familiar da doença. Os idosos, porque uma das causas de diabetes seria o próprio envelhecimento humano. Os obesos, em função das comorbidades, como resistência à ação da insulina e por fim, a hereditariedade, que é um dos principais fatores de risco para o aparecimento de diabetes tipo 2 (mais frequente na população mundial) ”, explica Raquel Resende Silva, endocrinologista do Hospital São Camilo.
Diabetes é uma doença crônica que ocorre quando o pâncreas não produz insulina suficiente ou quando o corpo não pode usar eficazmente a insulina que produz. A insulina, um hormônio que regula o açúcar no sangue, é responsável por fornecer a energia que precisamos para viver. Sem a presença dela no organismo, o açúcar se acumula a níveis prejudiciais no sangue.

“Grande parte dos casos de diabetes é evitável, pois mudanças simples no estilo de vida são capazes de prevenir ou retardar o aparecimento de diabetes do tipo 2, tais como: manutenção do peso corporal, prática de atividades físicas com regularidade e adoção de uma dieta saudável. De toda forma, vale destacar que independente do tipo, essa é uma doença tratável, que pode ser controlada, a fim de evitar complicações”, ressalta Raquel.

diabetes tipo 2 temporarioConheça os diferentes tipos de diabetes:
Tipo 2 – Este é o mais frequente tipo de diabetes no mundo todo (compreende cerca de 90% dos casos). Pessoas com diabetes tipo 2, geralmente, produzem sua própria insulina, mas não o suficiente. Normalmente, fatores como hereditariedade, obesidade, sedentarismo e envelhecimento são os responsáveis pelo desenvolvimento da doença, que é crônica na maioria das vezes. Em alguns casos, a depender da causa, ela pode ser curada, como em obesos que perdem muito peso e deixam de apresentar sintomas de diabetes.

Tipo 1 – Este tipo é também conhecido como diabetes autoimune, ou seja, quando o indivíduo já nasce com uma predisposição genética para desenvolver a doença em função da presença de proteínas específicas contra as células do pâncreas produtoras de insulina. Esses indivíduos, na maioria das vezes, podem não apresentar nenhum familiar com diabetes, e mesmo assim, desenvolver a doença em algum momento da vida. Normalmente, os casos de diabetes tipo 1 são diagnosticados em crianças, adolescentes ou adultos jovens. Nestes casos, os diagnósticos são mais fáceis, pois normalmente os indivíduos acometidos apresentam sintomas evidentes de hiperglicemia (boca seca, aumento da sede e da urina) e que se manifestam de forma abrupta. A diabetes tipo 1 é uma doença crônica, sem cura até o momento.

dibates gestacional1 temporarioGestacional – Ocorre quando a mulher é diagnosticada com diabetes durante o período da gravidez e, portanto, a doença não existia ou não havia o diagnóstico prévio. Durante a gestação são realizados exames de pré-natal que avaliam tanto a glicemia em jejum, quanto a glicemia pós-prandial (na chamada “curva glicêmica”). Os fatores de risco para desenvolver este tipo de diabetes seriam história familiar positiva (mãe ou irmã que já tiveram), ganho excessivo de peso e predisposição genética. Os riscos da doença são: prematuridade, más-formações fetais, fetos macrossômicos (grandes), polidrâmnio (aumento do liquido amniótico), hipoglicemia grave neonatal, entre outros. A melhor forma de evitar é cuidando bem da alimentação na gravidez e controlando o peso, a fim de prevenir ganho excessivo.

Pré-diabetes – A doença é chamada assim quando o indivíduo apresenta uma forte tendência ao desenvolvimento da diabetes, porém seus níveis ainda não estão nos patamares que definem a doença propriamente dita. Hoje em dia, considera-se a pré-diabetes como uma nova entidade de doença, e a mesmo se caracteriza por:
Glicemia em jejum entre 100 e 126 mg/dl; Glicemia pós-prandial (após 2 horas da refeição) entre 140 e 200mg/dl; e Hemoglobina glicada (HbA1c) entre 5,8 e 6,4%.

Como tratar? – Consultas médicas de rotina são fundamentais para o diagnóstico precoce da doença. Após a realização de exames, o médico poderá diagnosticar a diabetes e o tipo da doença. Com essas informações, será indicado o tratamento mais adequado para início imediato.

Se não tratada, a diabetes pode causar retinopatia (que pode levar ao descolamento da retina e até à cegueira), nefropatia (principal causa de insuficiência renal crônica), neuropatia (redução da sensibilidade e sensação de formigamento nas mãos e pés), pé diabético (formigamentos, perda da sensibilidade local, dores, queimação nos pés e nas pernas, sensação de agulhadas, dormência, além de fraqueza nas pernas), infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, entre outros.

Fonte: Raquel Resende Silva, endocrinologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

Acampamentos de diabetes são eficazes, mas há limitações

Acampamento traz melhora do aspecto fisiológico com o controle da glicemia.Hérika Dias/Agência USP de Notícias

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) estima que 13 milhões de pessoas convivam com a doença no País. Segundo definição da SBD, o diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue empregar adequadamente a insulina que produz. A insulina é um hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue. O corpo precisa desse hormônio para utilizar a glicose, obtida por meio dos alimentos, como fonte de energia para as células.

Quando a pessoa tem diabetes, o organismo não fabrica insulina e não consegue utilizar a glicose adequadamente. O nível de glicose no sangue fica alto — a hiperglicemia. Se esse quadro permanecer por longos períodos, pode ocorrer danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos. Entre os tipos de diabetes, há o tipo 1, no qual são necessárias aplicação de injeções diárias de insulina, já que o organismo não produz mais insulina ou a produção é mínima.

No tipo 2, o organismo produz insulina, mas o corpo se torna resistente à ação do hormônio e as taxas de açúcar no sangue se elevam. Outro tipo comum é o gestacional, em que as taxas de glicose do sangue durante a gravidez são elevadas, principalmente quando há um aumento efetivo de peso, mas os níveis de glicose voltam ao normal após o parto.

O controle de diabetes exige mudanças de hábito de vida e podem envolver a família toda, principalmente, se o portador da doença é uma criança ou jovem. Aprender o autocuidado, manter alimentação adequada e realizar atividade física são algumas das rotinas para quem tem diabetes. Uma das estratégias para desenvolver autonomia e independência de vida é o acampamento educativo para crianças e jovens com diabetes.

Em todo o mundo, existem cerca de 400 acampamentos educativos, segundo pesquisadores do Brasil e Estados Unidos que analisaram diferentes aspectos dos acampamentos e sua eficácia a partir do levantamento de estudos e publicações em nível mundial. Os resultados constam no artigo Are diabetes camps effective?, publicado na edição de março da revista científica Diabetes Research and Clinical Practice. Um dos apontamentos é que, de maneira geral, o impacto dos acampamentos é positivo para aquisição de conhecimento e alterações psicossociais e fisiológicos. Entretanto, essa atividade possui limitações. Mas há formas de superá-las.

“No pós-acampamento, a família também deve ser contemplada com ações educativas. Uma dificuldade é a criança aprender sobre o controle do diabetes no acampamento, mas quando chega em casa a família não está preparada para colocar em prática”, explica o educador em diabetes Mark Thomaz Ugliara Barone, do Grupo Multidisciplinar de Desenvolvimento e Ritmos Biológicos, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, e um dos autores do estudo. Ele também é vice-presidente da Associação de Diabetes Juvenil (http://www.adj.org.br/).

A eficácia do acampamento também depende da assistência oferecida com o fim da atividade. O jovem e a criança devem continuar a receber tratamento do diabetes, com fornecimento de insulina e testes de glicemia, além de orientação profissional e alimentação adequada, segundo Barone. “Um estudo argentino mostra que, se após a saída das crianças do acampamento elas deixam de ter acesso aos recursos disponíveis nas atividades. Com o tempo se perde o efeito dessa estratégia educativa”, adverte o educador.

Entre as vantagens dos acampamentos educativos estão o maior conhecimento sobre o diabetes e as formas de tratamento, e na melhora do aspecto fisiológico com o controle da glicemia e da pressão arterial.

O estudo também destaca o aspecto social e psicológico obtido por meio das vivências entre as crianças e adolescentes. “A atividade do acampamento é extremamente marcante. Ela sensibiliza esses jovens não só porque a informação é passada de profissionais para o jovem, mas, principalmente, pela troca de experiência entre os próprios jovens”, destaca o médico endocrinologista Marco Antonio Vivolo, outro autor do estudo e coordenador do acampamento ADJ-Unifesp, uma parceria da Associação de Diabetes Juvenil com a Unifesp.

O ADJ-Unifesp ocorre anualmente entre o final de janeiro e início de fevereiro em Sapucaí Mirim, Minas Gerais, e reúne cerca de 80 jovens com diabetes e idade de 9 a 15 anos. Durante seis dias de atividades recreativas e educativas, os participantes são acompanhados por médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, dentistas, professores de educação física, jovens líderes de diabetes, e recreacionistas, totalizando 180 pessoas.

De acordo com sua experiência pessoal de 36 anos à frente do acampamento e com a análise dos estudos, Vivolo coloca que apesar da eficácia dessa atividade também depender de ações posteriores, “o acampamento tem papel relevante para esses jovens para se tornarem indivíduos mais capazes, com maior autonomia, convivendo com diabetes tipo 1”.

“Se faz muito acampamento educativo de diabetes no mundo, mas se analisa pouco os efeitos deles. Neste artigo, levantamos uma série de pontos e contrapontos. Esperamos que esse estudo possa ser utilizado como referência tanto pra quem já faz acampamento educativo como para grupos que pretendem começar a fazê-lo”, disse Barone.