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Os postos de gasolina precisarão ser reinventados

em Espaço empresarial
terça-feira, 18 de maio de 2021

Vivaldo José Breternitz (*)

Novas tecnologias impactam, para o bem ou para o mal, negócios próximos a elas. É o caso dos veículos elétricos, que vão afetar fortemente os negócios dos postos de gasolina, que são cerca de 45 mil no Brasil e 150 mil nos Estados Unidos. O Boston Consulting Group (BCG) estima que entre 25% e 80% destes deixarão de ser lucrativos até 2035 caso sigam adotando o modelo de negócio atual. As vendas de carros elétricos excederão às de veículos com motores de combustão em 2030.

A Volvo será uma marca exclusivamente elétrica em 2030 e a General Motors em 2035. Os estados da Califórnia e de Washington planejam proibir as vendas de novos carros com motor de combustão em 2030 e 2035, respectivamente; governadores de 12 estados assinaram uma carta instando o presidente Biden a expandir essa proibição para todo o país e também a impedir a abertura de novos postos. Além disso, a consolidação do trabalho em casa tem reduzido significativamente os quilômetros rodados.

Esse cenário sombrio deve também ser válido para os postos brasileiros, mas o BCG traz sugestões para minorar o problema. A primeira delas, a princípio óbvia, é passar a prestar serviços de carregamento de baterias; mas há algumas dificuldades, como necessidades de infraestrutura e o tempo necessário ao carregamento, bem maior do que simplesmente encher o tanque com gasolina – estima-se que são necessários cerca de 30 minutos para dar 80% da carga a uma bateria.

A segunda dificuldade é proporcionar uma melhor experiência aos usuários, expressão em voga para inúmeras áreas. A ideia é ir além do reabastecimento puro e simples, adicionando, por exemplo, restaurantes, um pouco melhores que as usuais lanchonetes simples e também lojas de conveniência com maior variedade de produtos – afinal, a recarga é demorada, e o cliente poderia aproveitar melhor seu tempo. Talvez a antiga expressão “service station”, que designava os postos do passado, reflita melhor o que se sugere.

Uma opção que não deve se tornar realidade, ao menos tão cedo, é transformar os postos em locais de troca de baterias – a bateria vazia seria substituída rapidamente por uma totalmente carregada. Em tese, é uma ideia atraente, mas não há esforços dos fabricantes para adoção de baterias padronizadas, o que torna a ideia inviável.

(*) – Doutor em Ciências pela USP, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.