Ana Carolina Bastos (*)
Na sua tradução para língua portuguesa ESG quer dizer: Social, Ambiental e Governança. E como o código de conduta ética está inserido nesse contexto? O compliance é parte do ESG, a base da ética e da boa governança e tem como o principal objetivo manter relacionamentos saudáveis e transparentes dentro do ambiente corporativo. O primeiro passo para adequação a esse grande universo de compliance é a construção do código de conduta ética, inclusive para empresas de pequeno e médio porte.
Tal código irá refletir a missão, visão e valores empresariais, bem como irá definir de forma clara normas de boas práticas e governança. Umas das definições da palavra ética de uma forma mais objetiva é: “um conjunto de regras e preceitos”, logo o código de conduta ética é o verdadeiro guia a ser seguido por todos, não só pelos colaboradores, mas sim todos, os “stakeholders”, que significa partes interessadas. Os principais objetivos desse do código, dentre outros são: melhorar o relacionamento e o clima organizacional, integrar gestores e equipes, fortalecer a imagem e consolidar a marca no mercado.
O canal de denúncias é parte fundamental desse contexto ético, devendo sempre ser respeitado o anonimato garantindo a confidencialidade da denúncia. Questões sobre diversidade, igualdade, não discriminação, sustentabilidade, conflito de interesses não podem faltar nesse código. É importante que a linguagem seja leve, imparcial e de fácil entendimento em todos os níveis hierárquicos. Além do fato de que todo o conteúdo precisa ser vivo, acompanhando dessa forma todas as modificações dos ambientes internos e externos.
E o exemplo vem de cima, a expressão utilizada é o “Tone from the tope” e como segundo o autor Mário Ernesto Humberg: “A ética na organização é como água, corre de cima para baixo, na dúvida não faça: essa é a regra”. Por isso o engajamento e comprometimento de toda a alta direção é parte fundamental desse processo. Vale registrar que nas crises ocorridas no mercado financeiro, principalmente nos EUA, os valores culturais impulsionaram a implementação dos códigos de conduta ética, com o intuito de serem seguidos padrões mais rígidos de controle.
Segundo Laura Nash, ex-professora da Harvard Business School, a ausência de Ética Empresarial está no cerne da atual crise e deve ser parte também da solução.
Neste contexto o RH tem papel de extrema importância uma vez que participa de todas as etapas dessa construção realizando pesquisas de clima, entrevistas de diagnóstico e atuando também em todas as demandas ligadas ao desenvolvimento organizacional.
A sintonia das lideranças e essa fomentação, bem como o envolvimento da alta direção tem que acontecer periodicamente. E dessa vez a comunicação assume um papel também estratégico, pois a regularidade da comunicação será um fator decisivo de sucesso. Treinamentos e palestras que tragam inovação, leveza ao teatro corporativo tornarão a disseminação desse conteúdo divertida, inclusive gerando uma enorme conexão em todo o ambiente empresarial. Então se você é uma empresa e ainda não possui código de conduta ética, mas deseja se adequar a esse modelo, deixamos algumas dicas finais.
No primeiro momento a empresa precisa revisitar a sua missão, visão, valores e caso não os possua, é a oportunidade ideal para essa construção ocorra, que poderá inclusive ser dividida com diversas áreas para que em conjunto venham a ser definidas. Será também necessário a criação de um comitê de ética, como parte central desse programa, que será responsável pelo recebimento das denúncias, investigação, observância de irregularidades além disseminação da conduta ética.
Este comitê deverá ser composto por colaboradores de setores variados com diversas formações acadêmicas e experiência, sendo indispensável nessa composição um profissional do RH e da comunicação interna.
(*) – Advogada pós-graduada pela Universidade Cândido Mendes, é especialista em Direito e Processo do Trabalho, e comanda a área de assessoria de Gestão de Crise na Conexão Talento (www.conexaotalento.com.br).