Haroldo Matsumoto (*)
Intempérie. No dicionário, a definição para esse substantivo feminino traz como significados: mau tempo ou tempestade. De origem latina, a palavra intempérie também pode ser usada como indicativo de dificuldades ou acontecimento infeliz. É bastante comum, infelizmente, ouvir que determinada empresa sofreu com as intempéries da economia ou que tal pessoa enfrenta as intempéries da vida de cabeça erguida.
Infelizmente, vimos, no último mês, uma série de pessoas e de empresas sofrendo com as intempéries no Rio Grande do Sul. É triste acompanhar o noticiário e as publicações das pessoas nas redes sociais mostrando as consequências da grande inundação que atingiu mais de 471 municípios. Não houve setor que passou ileso pelo problema climático.
Assistimos supermercados, comércios de todos os tipos e tamanhos, concessionárias de veículos, escolas, hospitais, postos de saúde, igrejas, escritórios e uma lista infindável de empresas totalmente submersas. As intempéries, no entanto, também podem atingir as empresas de outras maneiras. Podem aparecer sob a forma de uma crise de imagem, de um problema com produtos que gere um “recall” ou até por meio de um problema de gestão, que leve o negócio a situações extremas.
Claro que nenhum empreendedor ou gestor quer ou espera viver momentos como esses. Porém, ainda assim, devemos estar preparados para essas possibilidades.Podemos dizer, aliás, que em algum momento toda companhia vai viver uma intempérie. Toda organização passa por ciclos durante a sua existência. Há momentos em que tudo sai como o planejado e situações em que o inesperado acontece. Algumas empresas sobrevivem, mesmo diante dessas dificuldades, outras, infelizmente sucumbem.
O fato é que, seja uma intempérie climática ou relacionada à gestão, todos podemos enfrentar uma crise de cabeça erguida. No mundo ideal, as empresas vão traçar o planejamento para o ano e dentro de todo o escopo, desenvolverá uma ‘aba’ com diretrizes para enfrentar uma possível crise. Na prática é possível que isso não tenha sido previamente calculado.
Então, recomendo ao empreendedor ou gestor que estiver vivendo um momento como esses, que respire fundo e não tenha medo de ‘colocar as mãos na massa’. Isso significa que é necessário reunir forças– e o time da empresa – para refletir, em equipe, como sair daquele problema. A liderança vai precisar se manter positiva e calma para conseguir orientar os colaboradores e mantê-los motivados.
Será importante manter as equipes informadas sobre o andamento da gestão de crise, em qual momento a empresa se encontra e quais foram os planos definidos para tentar reverter aquele determinado problema. Se a questão for administrativa, será importante revisitar planejamentos, rever contratos com fornecedores e parceiros, avaliar impactos jurídicos, etc.
No caso de intempéries climáticas, além de toda a questão relacionada à limpeza e reconstrução dos espaços físicos, também será necessário contabilizar perdas de ativos, como maquinários, por exemplo, verificar o que será necessário para a reestruturação do negócio e traçar um plano de ação que esteja dentro das possibilidades para aquele momento.
Além destas medidas com sua equipe, no momento de crise extrema, tem grande valor se unir a empresários da região e buscar apoio via medidas públicas. Por exemplo, no caso do Rio Grande do Sul, o BNDES liberou R$ 15 bilhões para os empreendedores. O Sebrae-RS, por sua vez, com o projeto “Juntos, a Gente Supera”, tem uma linha de investimento de
R$ 102 milhões e até R$ 15 mil para pequenas empresas reabrirem os seus negócios.
É claro, cada caso é um caso e cada condição precisa ser avaliada de forma personalizada para que as soluções surtam efeito no menor tempo possível.
(*) – É especialista em marketing e gestão e sócio-diretor da Prosphera Educação Corporativa (www.prosphera.com.br).