Felipe Salto (*)
O PIB cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024, em comparação com o trimestre imediatamente anterior. No acumulado em quatro trimestres, 3,1% de variação real.
Destaca-se, pelo lado da demanda, o aumento de 2,1%, na margem, da formação bruta de capital fixo (investimentos) e de 1,5% no caso do consumo das famílias. Pelo lado da oferta, apesar da queda de 0,9% do agronegócio, também em relação ao segundo trimestre de 2024, a indústria avançou 0,6% e os serviços, 0,9%.
Vale destacar, no que se refere à dinâmica da indústria, o avanço de 1,3% do setor de transformação, refletindo possivelmente uma combinação ainda dos juros mais baixos, antes do ciclo atual de aperto monetário, e a taxa de câmbio mais favorável às exportações.
A dinâmica da demanda, no acumulado em quatro trimestres, mostra forte avanço do consumo das famílias, de 4,5%, com o governo apresentando alta de 2,9% e os investimentos, de 3,7%. As exportações subiram 4,8% e as importações aumentaram mais de 10%. O crescimento puxado pela demanda tende a arrefecer.
A saber, os dados da atividade econômica indicam que, até o encerramento de setembro, a economia ainda apresentava desempenho bastante robusto. Esse quadro deve se alterar entre o fim de 2024 e o próximo ano. O ciclo anterior da política monetária, que havia viabilizado taxas de juros menores, pode ajudar a explicar o bom desempenho.
Tendo em vista a pressão das expectativas de inflação e o dólar elevado, o Banco Central deve endereçar uma política monetária mais contracionista, com alta expressiva da Selic, propiciando um período de desaceleração da atividade.
Até o final de 2024, entendemos que o PIB deverá crescer acima de 3% e, para 2025, a economia deve sustentar um desempenho ainda positivo, mas mais próximo dos 2%.
(*) – É economista-chefe da Warren Investimentos (https://warren.com.br/)