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Os fatores que pressionam a inflação no Brasil e no mundo

em Economia
quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Pelo menos no início do ano, a inflação continuará pressionada por uma combinação de fatores domésticos e externos, segundo especialistas e o próprio Banco Central (BC). Tensões geopolíticas internacionais, como a ameaça de conflito militar entre Rússia e Ucrânia, e fatores internos, como problemas climáticos e as incertezas políticas, puxarão os índices de preços. Em parte, o fenômeno da inflação tem origem externa e aflige inclusive países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, a inflação ao consumidor atingiu 7% em 2021, o nível mais alto desde 1982.

Na zona do euro, a inflação chegou a 5%, alcançando o maior valor desde a criação da moeda única no continente europeu. A reabertura das economias fez o preço internacional do barril de petróleo subir para US$ 80, quatro vezes acima do que na fase mais aguda da pandemia, quando a cotação chegou a cair para US$ 19. O problema não ocorreu apenas com o petróleo. Fontes de energia como carvão e urânio também ficaram mais caras.

Com o barril caminhando para US$ 90, a Petrobras anunciou o primeiro aumento de combustíveis em três meses. O reajuste terá impacto no bolso dos brasileiros nas próximas semanas, com a decisão dos governadores de descongelar o ICMS sobre os combustíveis. Outro fator que pressionou a inflação foi o gargalo nas cadeias de produção em diversos países. Produtos industrializados passaram a ficar mais caros, com filas de duas a três semanas em vários portos para descarregar mercadorias.

O próprio presidente do BC, Roberto Campos Neto, reconheceu os desafios para a segurar a inflação, ao admitir que a seca no Sul e as enchentes em Minas Gerais e no Nordeste estão afetando a inflação no início de ano. E que crise energética global e a desvalorização do real estão contribuindo para que o Brasil importe inflação de outros países. Depois de alcançar 10,06% em 2021, o maior nível desde 2015, a inflação oficial pelo IPCA deverá cair pela metade neste ano, mas permanecerá acima do teto da meta.

O professor de Economia do Ibmec Gilberto Braga aponta outro fator que complicará a inflação neste ano: a incerteza política e as pressões para aumento de gastos em ano de eleições. Para ele, a imprevisibilidade gerada pelo processo eleitoral pressionará os preços, à medida que inibirá investimentos do setor produtivo (Abr).