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Meta e seus produtos seguem na berlinda

em Economia
sexta-feira, 16 de junho de 2023

Frances Haugen, antiga executiva da Meta, disse ao jornal inglês The Sunday Times que “dezenas de milhões de pessoas” morrerão se a mídia social não for controlada de maneira estrita.

Vivaldo José Breternitz (*)

Haugen deixou a empresa em 2021, quando passou ao The Wall Street Journal documentos que acabaram conhecidos como “ The Facebook Files”.

Dentre esses documentos estavam relatórios que apresentavam resultados de pesquisas e discussões entre funcionários, que deixavam claro que a empresa sabia que suas plataformas causavam danos aos usuários e que não tomou qualquer providência a respeito.

Os documentos mostravam como a Meta, ainda chamada Facebook, minimizou os efeitos do Instagram sobre a saúde mental dos adolescentes e como o Facebook ajudou a disseminar o ódio religioso na Índia.

Haugen escreveu um livro de memórias no qual diz que a mídia social é perigosa, em especial em função da falta de transparência, como noticiou o The Washington Post. Ela ressalta que os lucros da Meta dependem de “ninguém saber o tamanho da lacuna entre as narrativas públicas do Facebook e do Instagram e a verdade”.

Haugen diz acreditar que a única maneira de mudar essa situação é reformular o entendimento das pessoas acerca das mídias sociais e controlá-las de forma estrita.

Entre as vítimas fatais das mídias sociais, estão os milhares de mortos pertencentes à minoria muçulmana rohingya, chacinados em Mianmar nos anos de 2016 e 2017 – investigadores das Nações Unidas disseram que o Facebook “contribuiu substancialmente” para essas mortes, classificadas como genocídio e para que quase 800 mil pessoas fugissem do país.

Em uma escala muito menor, mas não menos trágica, é oportuno lembrar que o Instagram foi responsabilizado pelo suicídio de um adolescente britânico.

Haugen diz que apesar de no mês de maio a Meta ter recebido uma multa recorde de US$ 1,3 bilhão, em função de quebra de privacidade de seus usuários, mais ainda precisa ser feito.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.