Enquanto a inflação medida pelo IPC-S/FGV permaneceu estável na pandemia, registrando variação de -0,02% entre março e junho, os preços dos alimentos mais básicos avançaram em média 8,44% para as famílias de renda mais baixa (entre 1 e 2,5 salários mínimos), e 6,17%, no mesmo período, para as famílias com nível de renda entre 1 e 33 salários mínimos. A diferença ocorre devido ao peso que os alimentos têm no orçamento familiar e não em relação à variação de preços.
“Os consumidores com rendimento mais baixo acabam sendo mais punidos quando os preços dos alimentos sobem. Durante a pandemia, entre março e junho, essa categoria teve elevada variação. Muitas dessas famílias perderam renda, alguns membros ficaram sem emprego, e isso pressionou ainda mais o orçamento”, analisou André Braz, coordenador do IPC do FGV IBRE.
Segundo o economista, efeitos sazonais, problemas de safra, desvalorização cambial e demanda mais aquecida são alguns dos fatores que explicam os aumentos bem acima da inflação média. Entre os alimentos in natura, as maiores altas foram registradas para: cebola (106,68%), batata-inglesa (51,32%) e feijão-preto (40,30%). Já entre os alimentos processados os destaques foram: leite longa vida (12,94%), farinha de trigo (9,93%) e açúcar cristal (6,78%) (AI/FGV).