Todos têm ouvido falar de NFT dada a imensa cobertura da mídia e sucesso comercial de imagens que poderiam ter sido feitas, muitas vezes, por qualquer pessoa. NFT (Non-fungible token) chegou com uma aura de “chance de lucrar rápido e fácil”, a raspadinha premiada. Não há dúvida que há imensa oportunidade de ganhos nesse mercado, mas é importante notar que vai muito além de JPEG’s pixelados de punks ou macaquinhos (para esse tipo, penso na bolha das tulipas, algo que muito “especialista” em economia atribui erroneamente ao Bitcoin).
Para explicar NFTs vou começar falando do termo, que se traduz como token não fungível. Simplificando significa que é algo que não pode ser substituído pois possui propriedades ou características exclusivas. Dinheiro, por exemplo, é um item fungível, pois uma nota de $10 pode ser trocada por outra de igual valor. Já um item de arte, por exemplo, não. Embora possam haver cópias, edições especiais, o item original é único e não pode ser substituído.
No caso dos NFTs, estamos falando de objetos digitais que são verificados na blockchain como únicos, exclusivos e não intercambiáveis. Então, imagine que você faça um desenho no seu computador e salve três cópias dele. Pegue uma dessas cópias e a registre em uma blockchain como sendo a original. Pronto. Dos três arquivos criados, todos virtualmente idênticos, apenas aquele registrado na Blockchain, é autenticado como original. Aliás o nome que damos ao ato desse registro é mint.
Você pode até achar que isso não faz muito sentido, já que os três arquivos são iguais, mas se pensar bem perceberá que já está acostumado com esse tipo de contrato há muito tempo. Vamos pensar no seguinte cenário. Você precisa de uma cópia autenticada do seu RG para formalizar alguma burocracia. Você tira duas cópias coloridas do documento original. Nenhuma delas tem valor legal, à princípio. Você então vai até um cartório e autentica uma das cópias. Agora, com o selo de autenticidade, uma das cópias possui valor legal, enquanto que a outra é apenas mais uma reprodução qualquer do seu documento.
O princípio da blockchain é lidar com a autenticidade de tokens. Nesse caso, a autenticidade de um NFT. As blockchains são registros públicos – viu, igual a um cartório! – descentralizados e distribuídos digitalmente em uma rede. São muito mais seguras e confiáveis que qualquer cartório, já que todo registro criado terá uma cópia em cada nó da rede e se em um momento for preciso verificar a autenticidade, ela será checada em cada cópia desse registro. Qualquer diferença será imediatamente notada e, portanto, não validada. Diferente de um Cartório de Registros, passível de erro humano, a verificação em blockchain é exata.
Então, quando alguém te falar sobre NFTs você já vai saber que é muito mais do que um desenho mal-feito vendido por milhões. Aliás, partindo desse ponto, entendemos que um NFT pode ser mesmo um desenho ou uma coleção de desenhos. Mas pode ser também uma música, um personagem desbloqueado ou um objeto em um game, ou mesmo um ticket para um evento. É justamente por essa infinidade de opções, que entendo o NFT como parte de uma revolução digital que vai mudar, muito, a forma com que fazemos negócios.
No mundo da moda, por exemplo, é possível que cada peça de uma coleção seja registrada na blockchain, dessa forma fica super fácil verificar a autenticidade além de registrar todos os donos que essa peça já teve.
Já que falamos de autenticação de documentos, o uso de NFT pode trazer benefícios incríveis para a confirmação de licenças e certificações. Diplomas de universidades poderão ser NFTs facilmente verificáveis. Bye Bye para aquelas aumentadinhas no currículo. Seu documento de identidade pode ser uma NFT. Estando na blockchain, não precisa mais de cartório para ser autenticado. Em segundos somente você, dono desse “token” poderia salvar muito tempo deixando de ir em cartórios antiquados.
Nos esportes o NFT pode ajudar a acabar com a falsificação de ingressos. A imutabilidade de NFT e blockchain garante essa segurança. O ingresso para aquele show pode ser uma NFT, que te dará acesso não somente ao show, mas a ítens colecionáveis ou outras experiências, digitais ou não. Álbuns de figurinhas e cards de esporte são, mesmo hoje em dia, um sucesso. Agora as figurinhas podem ser digitais, autenticadas como originais.
Para a indústria dos games as promessas são ainda mais incríveis. Desde 2017 o game CryptoKitties foi o primeiro a combinar os princípios dos games com NFTs. Gatinhos digitais foram lançados na blockchain de modo que os usuários que os possuíam podiam interagir e trocá-los entre si. Hoje em dias diversos games estão integrando Blockchain neles e os usuários são os maiores privilegiados, já que os ítens que compraram passam a ser definitivamente deles. Essa propriedade agora pode ser vendida dentro e fora dos games, seja uma skin, uma habilidade, um personagem ou, no caso do metaverso, um terreno inteiro numa cidade virtual.
Resumindo: Um NFT é um item não fungível, registrado (mintado) em uma blockchain. Ele pode representar algo digital, como arte, música, vídeos, ou basear-se em itens do mundo real, como documentos, assinaturas, objetos etc. Esses itens, assim que mintados na blockchain, passam a ser validados como únicos, mesmo quando fizerem parte de uma coleção (Ex.: camiseta 3 de 1000).
Sou empresário da área de criação de conteúdo para crianças e também ilustrador profissional das áreas editorial e publicitária. Tenho criado quadrinhos educativos, animações e games desde 2002, mas foi só há poucos meses que comecei a receber pedidos para “criar uma coleção NFT matadora”. Talvez por me conhecerem desde muito cedo, os pedidos inicialmente partiram de amigos e familiares, até que recentemente clientes e prospectos também inundaram minhas inboxes, ao ponto que atualmente tenho participado de alguns projetos bem legais de NFT e crypto, além de ter minha própria coleção no Rarible, uma das mais importantes plataformas de NFT do mundo.
Agora que você já sabe o que é um NFT, deve estar se perguntando, como criar um NFT. Bom, esse é um papo para outro post. Se tiver pressa pode me seguir no twitter.com/rodrigofoca ou no instagram.com/rodrigofoca que sempre dou dicas de arte, empreendedorismo e NFTs por lá. Se quiser pode conhecer minha coleção de NFTs no Rarible (https://rarible.com/rodrigofoca).
Rodrigo Foca se formou pela Full Sail em Computer Animation, criou séries de histórias em quadrinhos Educacionais e tem mais de 16.000 ilustrações vendidas em todo o mundo, publicadas até no The New York Times. Como chefe de design de efeitos visuais de uma empresa canadense de pós-produção, ele estreou em produções de TV com o documentário The Beasts of the Bible, exibido no Animal Planet. Rodrigo criou os personagens e está produzido a série animada EggBots.
Rodrigo Foca é membro das organizações Society of Children’s Book Writers and Illustrators, Society of Illustrators of Los Angeles, Graphic Artists Guild e Association of Illustrators (AOI).