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As Maiores Dúvidas do Cinema em 2023

em Economia da Criatividade
quinta-feira, 05 de janeiro de 2023

Dizem que a virada do ano é época de olhar para trás e refletir no que já foi. E com tantos lançamentos gigantes em 2022 (como Top Gun: Maverick) e outros mais polêmicos (como Don’t Worry Darling), há muito a se falar sobre o ano que se foi. Porém, eu sempre acho muito mais interessante ponderar sobre o futuro, principalmente quando o assunto é a indústria do cinema, cujos “what ifs” são sempre bons exercícios para entender a indústria melhor. Então, olhando para alguns exemplos de lançamentos e tendências da indústria, vamos ver e analisar algumas das maiores dúvidas do cinema em 2023.


  1. O futuro da DC

Em novembro de 2022, foi anunciado que o produtor Peter Safran e o diretor James Gunn seriam os novos líderes criativos dos filmes baseados nos quadrinhos da DC Comics. A meses que a Warner, sob a nova liderança de Zaslav, procurava uma figura “estilo Kevin Feige” (cabeça da Marvel Studios) para liderar a DC. Um produtor de sucesso como Safran é uma boa pedida, mas o que mais me chamou a atenção na época do anúncio foi nome de Gunn, um diretor cujo trabalho aprecio a anos, desde o lançamento de Guardiões da Galáxia até a série Peacemaker, a qual ele dirigiu para a HBO Max.

Em dezembro, foi oficialmente anunciado por Henry Cavill que, depois de conversar com James Gunn sobre o futuro do Super-Homem na DC, que ele não viveria mais o herói nas telonas, apesar de parte do marketing de Adão Negro ter se baseado tão fortemente na volta de Cavill. Para alguns nas redes sociais, isso era uma mostra de que os novos cabeças do estúdio não se importam com os fãs, mas para mim, isso pode ser nada mais do que sinal de que finalmente teremos uma organização maior na DC, e nada mais justo do que fazer essa “arrumação de casa” por meio de um reboot total.

Mas o que significará esse reboot total? E quais serão os próximos filmes da DC? Sabemos que teremos um novo ator interpretando o Super-Homem, em um filme escrito pelo próprio Gunn. Sabemos também que o universo de The Batman, de 2022, continuará separado dos outros filmes da DC, significando que provavelmente teremos MAIS UM Batman (e talvez o terceiro Coringa simultâneo nas telonas?). Mas além disso, sabemos pouco.

Mas a maior dúvida que fica é sobre os lançamentos da DC para 2023. O estúdio tem quatro filmes com lançamento previsto para esse ano. Dois deles são sequências: Shazam! Fúria dos Deuses (previsto para março) e Aquaman e o Reino Perdido (previsto para dezembro), com rumores de que a estrela deste último, Jason Momoa, deixará o papel de Aquaman depois do filme. Outro filme do estúdio previsto para ser lançado esse ano é o polêmico filme solo do Flash. Jornalistas apontam que as primeiras exibições foram um sucesso e que os empresários estão muito satisfeitos com o produto final, mas um elemento que deixa o estúdio com um pé atrás são as polêmicas envolvendo a estrela principal do filme: Ezra Miller.

O que mais me deixa curioso sobre esses lançamentos da DC é se conseguirão uma boa bilheteria mesmo agora que o público sabe que os filmes acabaram levando a becos sem saída na construção de um universo compartilhado, principalmente com The Flash, cuja ideia de reestruturar o universo da DC agora não terá mais frutos. Será que a curiosidade dos filmes individualmente será o suficiente?

E além disso tudo, temos Besouro Azul, filme estrelando Xolo Maridueña (Kobra Kai) e a brasileira Bruna Marquezine previsto para agosto desse ano. Será que o filme será de alguma forma resgatado dentro do novo universo da DC?

Muitas perguntas restam, mas felizmente algumas delas devem ser respondidas logo, já que James Gunn e Peter Safran prometeram revelar seus planos ainda no começo deste novo ano.


  1. Luta de gigantes

Vários filmes pelos quais estou bem animado saem esse ano, e surpreendentemente dois deles saem no mesmo dia: Barbie e Oppenheimer, em 20 de Julho. Vários memes já foram feitos online sobre a “guerra” entre os dois filmes, ambos bem diferentes um do outro. Mas a dúvida que fica – mais que qual filme será melhor (até porque melhor é relativo) – é qual terá a maior bilheteria?

É uma pergunta interessante, principalmente já que tem bons pontos a se fazer para ambos os filmes. Do lado de Barbie, o filme carrega o nome de sua marca: A boneca mais famosa de todos os tempos. Além disso, o filme tem potencial para ser muito bem feito, dirigido por Greta Gerwig (Lady Bird, Pequenas Mulheres) e escrito por ela com seu marido Noah Baumbach (Marriage Story, Ruído Branco). Porém, um contra é que Barbie é um nome normalmente associado a crianças menores e histórias para toda a família, enquanto esse filme é recomendado para maiores de 13 anos, provavelmente mais focado para adultos e adolescentes. Isso pode fazer com que o filme não encontre seu público muito bem.

Já Oppenheimer não carrega o nome de uma franquia famosa, no lugar contando a história do inventor da bomba atômica. Porém, o filme traz consigo o sucesso de seu diretor: Christopher Nolan (Interestelar, A Origem). Nolan tem um histórico de grandes sucessos financeiros com seus filmes (A Origem fez mais de 800 milhões de dólares). Além disso, o fato do filme ser gravado em IMAX deve levar muitas pessoas a pagarem extra para ver o filme nesse formato. Mas será que um drama em preto e branco chamará mais atenção nos cinemas do que uma comédia de cores vibrantes? Só o tempo dirá.

Ainda tem mais dois pontos interessantes a serem trazidos nessa questão. Um, é que ambos os filmes têm o mesmo orçamento: 100 milhões de dólares, e segundo, que Barbie será distribuído pela Warner, enquanto Oppenheimer será o primeiro filme de Nolan em anos a não ser distribuído pela mesma, sendo distribuído pela Universal, já que ele rompeu com a Warner depois da decisão do estúdio de lançar os filmes de 2021 simultaneamente no streaming e nos cinemas. Então, mais que uma batalha entre os dois filmes, Barbie vs Oppenheimer representa uma guerra entre a Warner e o próprio Nolan.


  1. Mario e a maldição dos filmes de videogame

Em 2017 tivemos os primeiros relatos de que a Nintendo faria uma parceria com o estúdio Illumination (Meu Malvado Favorito). Como a maioria dos filmes de animação, ele está em anos em produção, com lançamento originalmente planejado para dezembro do ano passado, mas agora está previsto para sair em abril de 2023.

Apesar de Mario ser uma franquia gigante de jogos reconhecida no mundo inteiro, ainda existem dúvidas se o filme será um grande sucesso – ambos na crítica e na bilheteria. E o maior motivo para dúvida é a dificuldade que longa-metragens baseados em jogos de videogame tem em fazer sucesso. Desde Mortal Kombat e Street Fighter a Need For Speed e Assassin ‘s Creed, filmes baseados em jogos costumam ser medianos ou deploráveis. E um dos piores casos disso está na própria franquia do Mario. Super Mario Bros., lançado nas telonas em 1993 foi um fracasso crítico e financeiro e é considerado um dos piores filmes de todos os tempos.

Mas uma recente franquia do cinema tem provado que exceções podem sim existir no quesito adaptações cinematográficas de jogos. Sonic e Sonic 2 ambos tiveram um bom sucesso nas bilheterias e foram bem recebidos por fãs e críticos. Será que Mario pode se juntar a este como uma das exceções?

Existem vários pontos positivos que podem dizer que sim. O filme é produzido de perto por Shigeru Miyamoto, criador do Mario, que promete uma história fiel ao material de origem. Além disso, o elenco de voz inclui grandes nomes como Anya Taylor-Joy, Charlie Day, Jack Black, Keegan-Michael Key, Seth Rogen e mais. Além disso, os trailer prometem um filme divertido e colorido, com o estilo 3D das animações da Illumination casando muito bem com os designs dos personagens da franquia.

Porém, a Illumination tem a reputação de fazer filmes visualmente interessantes, mas com narrativas mornas, sem muitas surpresas, o que pode desapontar fãs quando combinado com altas expectativas. Além disso, Chris Pratt (Guardiões da Galáxia) tem sido criticado por sua interpretação do Mario, usando sua voz normal que não lembra a clássica voz do personagem.

De qualquer forma, a Illumination tem um bom histórico de boas bilheterias (o último filme dos Minions passou de $900 milhões), e junto com o nome da franquia Mario, é difícil imaginar o filme sendo um fracasso financeiro.


Claro que essas três dúvidas não são todas as que ficam no ar para 2023. Como serão os resultados dos Oscars? A volta de Bob Iger como CEO da Disney? E todas essas se juntam em uma grande dúvida…

2022 foi um ano bem interessante para o cinema, trazendo bastante movimento para uma indústria que em 2021 ainda estava custava em ter bons resultados depois do fatídico ano de 2020. Porém, as bilheterias do ano ainda não conseguiram chegar a seus níveis pré-pandêmicos. Por isso, nessa virada do ano, a maior dúvida da indústria do cinema para 2023 é se esse será o ano em que veremos o grande retorno do cinema a algo mais perto do que era antes de 2020. Mas com tantos grandes lançamentos esperados para esse ano, podemos acreditar que o cinema talvez tenha sim salvação.

Formado em cinema na Full Sail University, Lucas Fouyer é o criador do Podcast Terapeuta, o qual apresentou na CCXP17, trabalha na edição e produção de diversos vídeos e é um amante de toda forma de cultura pop.