Thiago Viola (*)
Ficou claro em 2021 que a abordagem de provedor único para nuvem não funciona mais. Um estudo recente da IBM reforçou isso: apenas 5% dos entrevistados no Brasil relataram usar uma única nuvem privada ou pública em 2021, em comparação a 45% em 2019.
As consequências do vendor lock-in, que ocorre quando uma empresa fica presa a apenas um fornecedor, tornaram-se claras: falta de inovação e preocupações com segurança e confiabilidade. A pandemia forneceu uma plataforma para acelerar a transformação digital e as empresas começaram a repensar o valor de manter aplicações nas instalações, refletindo mais sobre quais devem migrar para a nuvem e quais delas permanecem on premise.
O cenário para uma abordagem híbrida e multinuvem nunca foi tão propício. Então o que vem a seguir? Considerando esse panorama, prevemos três tendências sobre o que podemos esperar no próximo ano:
- – As empresas vão migrar estrategicamente as cargas de trabalho enquanto abraçam a modernização – À medida que as organizações avançam em suas jornadas híbridas e de multinuvem, sua abordagem será direcionada a determinar para onde vão as cargas de trabalho.
Desde o início de sua migração para a nuvem, as empresas, muitas vezes, movimentam cargas de trabalho simples e agora avaliam a migração de cargas mais complexas e de missão crítica em seu processo de modernização. No próximo ano, será necessário fazer um inventário de seus ambientes de TI para selecionar quais aplicações e cargas de trabalho são mais adequadas para a nuvem e quais devem permanecer on premise.
- – Cloud Future: segurança estará à frente e ao centro enquanto ameaças cibernéticas crescem – Uma das muitas razões pelas quais as organizações estão cada vez mais adotando uma abordagem híbrida e multinuvem é para mitigar o risco de concentração de fornecedores à medida que as ameaças cibernéticas aumentam.
Com a proteção de dados como prioridade, as empresas também favorecerão a segurança projetada com um único ponto de controle para obter acesso a uma visão abrangente das ameaças e mitigar a complexidade no próximo ano. Enquanto as companhias realizam seus planejamentos para 2022, também devem se lembrar da preparação para o futuro no longo prazo.
À medida que a computação quântica avança e apresenta riscos potenciais, como a capacidade de quebrar rapidamente algoritmos de criptografia e acessar dados confidenciais, é preciso olhar para além das ameaças de curto prazo e considerar os próximos 10, 15 e 20 anos.
- – Preparação para a governança de dados: a evolução das nuvens para a indústria – O estudo também aponta que 65% dos entrevistados no Brasil concordam que a conformidade regulatória relacionada à indústria é um obstáculo significativo. Atingir os requisitos de segurança e de conformidade regulatória é importante para indústrias altamente reguladas, como o setor de serviços financeiros e agências governamentais, por exemplo.
À medida que essas indústrias se esforçam para atender às demandas dos clientes e dos cidadãos digitais, a adoção da nuvem evolui para nuvens especializadas. As plataformas específicas da indústria serão cada vez mais usadas para ajudar a equilibrar a inovação com protocolos de conformidade rigorosos.
Ao escolher a plataforma certa, com controles integrados, poderão inovar no ritmo da mudança garantindo que você não fique para trás enquanto sua indústria implementa novos regulamentos ou modifica os já existentes. Enquanto ninguém sabe exatamente como 2022 será, podemos ficar tranquilos, pois os últimos dois anos foram um ponto de inflexão para a transformação digital.
Na América Latina, como em todo o mundo, as empresas estão acelerando suas jornadas: abraçam novos modelos comerciais, movem cargas de trabalho para a nuvem e digitalizam suas operações. Esperamos que a nuvem híbrida continue a desempenhar um papel crítico na condução da inovação necessária para construir resiliência e abrir novas oportunidades para as organizações no futuro.
(*) – É Líder de Cloud Pública da IBM Brasil.