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Startups: saiba como manter a competividade em meio à crise

em Destaques
quinta-feira, 04 de agosto de 2022

O mercado de tecnologia vem passando por momentos turbulentos nos últimos meses, com impacto principalmente na atração de capital para startups.

Segundo o economista Vinícius de Oliveira, sócio da Redirection International, empresa especializada em consultoria de Fusões e Aquisições, as startups já sentem esta fuga de capital, mas apesar deste cenário, é possível manter a competitividade e atrair novos investimentos.

O economista destaca que a crise afeta tanto empresas no estágio final (late stage), pré-IPO e unicórnios que, nos últimos meses tiveram que reduzir despesas e anunciaram cortes expressivos de pessoal, quanto startups em estágio inicial (early stage), que podem ter mais dificuldade para levantar capital inicial necessário para alavancagem da operação.

“É um cenário delicado para as startups e muitas precisarão mostrar seu diferencial no mercado e reequilibrar as contas, para apresentar lucro e fluxo de caixa positivo aos investidores”. Um dos caminhos apontados pelo economista é cortar as despesas possíveis, com redução de pessoal e de custos (downsizing) e focar a operação da startup na sua atividade principal e nas receitas mais rentáveis.

Além disso, neste contexto, o ideal é priorizar o lucro ao invés do crescimento, para que possa operar com caixa positivo e, assim, demonstrar ao mercado que, mesmo em meio à crise, o capital da empresa segue saudável.

“Crises como a que estamos vivenciando no setor de tecnologia já foram superadas em outros momentos da história recente. É fundamental fazer uma projeção do pior cenário possível para os próximos 12 meses, no mínimo. Independentemente da capacidade de captação de recursos da empresa, é preciso projetar um cenário em que seja possível sobreviver com o capital que já possui”, explica Vinícius.

Capital ainda circula no mercado. De acordo com dados da Distrito, plataforma que reúne dados do mercado de inovação, o volume de investimentos em empresas de tecnologia caiu 44% no primeiro semestre de 2022, em relação ao mesmo período do ano passado no país.

Entre janeiro e julho foram US$ 2,9 bilhões negociados em 327 rodadas, enquanto que nos primeiros seis meses do ano passado, os valores alocados chegaram a US$ 5,25 bilhões, com 416 transações. Apesar do volume de capital ter caído nos últimos meses de uma forma geral, os fundos de Venture Capital seguem apostando em empresas de estágio inicial, que possuem ticket de investimento normalmente menor.

“O cenário demonstra que as startups terão cada vez mais dificuldade em captar recursos. As que estão em estágio inicial precisam demonstrar viabilidade e vantagens competitivas para atrair capital. Somente uma apresentação de power-point bem elaboradanão será mais suficiente para impressionar os investidores”, destaca.

Para o economista, a desvalorização das ações de tecnologia no Brasil acompanha o mercado global, em função do contexto geopolítico e econômico. Entre os fatores estão a guerra Rússia-Ucrânia, escalada da inflação, aumento nas taxas de juros, turbulência nos mercados de commodities e, aqui no Brasil, incertezas políticas devido à eleição presidencial de outubro.

O Nasdaq 100 Index, o maior índice de ações de tecnologia do mundo, caiu quase 30% no primeiro semestre deste ano e está a caminho de seu maior declínio anual de todos os tempos. Isso se reflete também aqui no Brasil, que teve queda de quase 50% nos preços de ações do setor nos primeiros seis meses do ano, segundo o Índice de Ações Tech Brasil.

Ainda assim, o mercado brasileiro tem um atraso em relação à crise no mercado internacional, mas em um mundo cada vez mais globalizado não tem tanto espaço para fugir. Um dos únicos pontos positivos é que os fundos de Venture Capital estão bastante capitalizados e o país ainda tem muitas lacunas para inovação, com grande potencial para continuar acelerando a transformação digital da economia”, explica.

Entre os principais setores que devem atrair investimentos nos próximos meses, estão mercado financeiro, logística, saúde, educação e, claro, o agronegócio, por exemplo. – Fonte e mais informações: (https://www.redirection.com.br/).